Economia

E se Cuba abandonasse de vez o socialismo?

Boom imobiliário, petróleo e imigração em massa poderiam criar uma revolução econômica na ilha

Cuba: há estimativas, ainda não confirmadas, de que Cuba tenha 20 bilhões de barris petróleo sob as águas do mar que banha o norte do país (foto/Getty Images)

Cuba: há estimativas, ainda não confirmadas, de que Cuba tenha 20 bilhões de barris petróleo sob as águas do mar que banha o norte do país (foto/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 16h51.

Uma Cuba completamente livre das amarras de sua economia planificada poderia crescer mais que parece. O ponta-pé para esse boom econômico pode vir do fundo do mar.

Há estimativas, ainda não confirmadas, de que Cuba tenha 20 bilhões de barris petróleo sob as águas do mar que banha o norte do país. Isso dá mais ou menos um quinto do pré-sal brasileiro – num país com população menor que a da Grande São Paulo (11,5 milhões de habitantes).

Claro que essas reservas também poderiam enriquecer a Cuba comunista. Mas, se a ilha abolisse a ditadura e abraçasse o capitalismo, a bonança viria mais rápido e poderia gerar um efeito cascata na economia.

Primeiro, porque uma mudança no regime acabaria com o bloqueio comercial dos EUA. Sem esse obstáculo, os cubanos teriam como importar tecnologia americana para explorar suas reservas.

E mais importante: os EUA importam 9,5 milhões de barris de petróleo por dia, boa parte Oriente Médio. Mas Cuba, lembre-se, fica ali ao lado, a 160 quilômetros de distância da Flórida.

Bastaria, então, fazer oleodutos ligando a ilha ao território americano para que os EUA pudessem comprar óleo dos cubanos sem gastar quase nada em transporte.

Se o vizinho do norte passar a comprar deles um terço 30% do óleo que importa hoje, a ilha ganharia por volta de US$ 200 bilhões limpos a cada ano.

Só isso quadruplicaria o PIB de Cuba, de cara – o Produto Interno Bruto atual da ilha, na faixa de US$ 70 bilhões, equivalente ao de Curitiba, e a um décimo do PIB da cidade de São Paulo (da cidade mesmo, não do Estado).

Bom, agora junte os bilhões do petróleo a um mercado imobiliário virgem – Fidel, afinal, confiscou a propriedade privada na ilha ao longo da Revolução.

Esses imóveis e terras, a princípio, votariam a seus antigos donos (ou a seus descendentes). O valor de tudo isso gira em torno de US$ 50 bilhões. Pouco. Mas seria só o começo.

Esse monte de imóveis e terras faria nascer um novo mercado: a grana do petróleo aumentaria o preço dos imóveis, já que vai ter muita gente com dinheiro para comprá-los, ainda mais num país com praias de sonho.

Imóveis valorizados fomentam a construção civil, pois novos prédios vão dar mais lucro (é o que aconteceu na China e na Índia).

E a construção gera empregos. Com mais empregos, mais consumo. Mais consumo, mais produção. Mais produção, mais empregos….  Uma Cuba mais rica veria um retorno maciço da população cubana que hoje vive exilada nos EUA – são 1,5 milhão de pessoas, o equivalente a 10% da população de Cuba.

Gente que ganham em dólar, numa média de US$ 38 mil por ano (uma renda baixa para os EUA, mas robusta para qualquer país em desenvolvimento – estamos falando em R$ 10 mill por mês.

Os laços afetivos desses cubanos-americanos com a ilha estimularia a chegada de mais investimentos, alimentando o círculo virtuoso.

É a roda da economia girando. E, nesse caso, seria um giro azeitado por uma educação digna de país desenvolvido, coisa que Cuba já tem.

Texto publicado originalmente no site Superinteressante.

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