Economia

Drogas e prostituição vão aumentar PIB da Itália de repente

Cálculo do PIB italiano vai mudar para incluir renda obtida com prostituição e drogas ilegais - o que pode ajudar até o governo a fechar as contas

Cocaina com nota de euro: drogas vão entrar para o cálculo do PIB (Perturbao/WikimediaCommons)

Cocaina com nota de euro: drogas vão entrar para o cálculo do PIB (Perturbao/WikimediaCommons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 26 de maio de 2014 às 15h40.

São Paulo - A Itália encontrou uma forma no mínimo curiosa de aumentar seu PIB de um dia para o outro.

A partir de setembro, o país vai começar a contar a prostituição e o tráfico ilegal de drogas nos números econômicos, anunciou o ISTAT (escritório de estatísticas) no final da semana passada.

A mudança está de acordo com novas orientações da União Europeia definidas em meados de 2013.

A recomendação é que todos os tipos de transações sejam consideradas, e que "ações econômicas ilegais devem ser consideradas transações quando todas as unidades envolvidas o fazem por acordo mútuo."

Ou seja: o comércio ilegal de drogas, sexo, armas e propriedades entra, mas um roubo não.

A mudança não deixa de ser conveniente para o governo do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que se comprometeu a manter déficit do país abaixo de 2,6% do PIB este ano.

Um PIB maior significa maior flexibilidade na meta - e uma menor necessidade de cortar despesas.

Economia ilegal

Um estudo encomendado recentemente pelo governo americano para o Urban Land Institute mapeou a economia ilegal de oito grandes cidades do país.

Eles descobriram que Atlanta, por exemplo, movimentou US$ 290 milhões em sexo, US$ 117 milhões em drogas e US$ 146 milhões em armas no ano de 2007.

No México, só o tráfico de drogas é responsável por cerca de US$ 30 bilhões por ano - ou algo entre 3% e 4% do PIB nacional, de acordo com o Council of Foreign Relations. O ópio responde por uma parcela semelhante do PIB do Afeganistão, segundo a ONU.

PIB

Apesar de haver alguns padrões internacionais, não existe uma forma única de medir a produção total de uma economia. Cada país tem seus critérios e escolhe de forma mais ou menos artbitrária quais produtos e serviços vai monitorar e qual será o peso de cada um.

No ano passado, os EUA passaram a incluir no PIB a propriedade intelectual de bens artísticos como ativos de longo prazo. Na próxima sexta-feira, saberemos se o PIB brasileiro de 2013 será revisado para cima ou para baixo com novos critérios apresentados recentemente pela IBGE. 

A Nigéria, por exemplo, revisou há alguns meses a sua metodologia pela primeira vez desde os anos 90. O resultado: o país ultrapassou a África do Sul e agora é considerada a maior economia do continente africano.

A própria Itália já viveu algo semelhante. Em 1987, ela passou a contar pela primeira vez números do mercado negro de sonegadores de impostos e trabalhadores ilegais.

No país da máfia, não é pouca coisa. A revisão fez a economia italiana ultrapassar a britânica, ainda que por poucos anos. Cidadãos chegaram a tomar as ruas para comemorar o chamado il sorpasso. Resta saber se vão celebrar o novo impulso da mesma forma.

Uma pesquisa realizada hoje na página de Facebook da EXAME.com mostrou que 48% concordam com a decisão, 37% discordam e 15% não sabem.

Acompanhe tudo sobre:DrogasEuropaIndicadores econômicosItáliaPaíses ricosPIBPiigsProstitutasTráfico de drogas

Mais de Economia

Por que Países Baixos e Reino Unido devem perder milionários nos próximos anos?

STF prorroga até setembro prazo de suspensão da desoneração da folha

FGTS tem lucro de R$ 23,4 bi em 2023, maior valor da história

Haddad diz que ainda não apresentou proposta de bloqueio de gastos a Lula

Mais na Exame