Economia

Dividendos da Petrobras podem ajudar governo a conter preço da gasolina

A ideia é, com o dinheiro, aliviar os consumidores, que estão pagando cada vez mais caro pelos produtos da estatal, à medida que a cotação do petróleo dispara no exterior

Gasolina: a empresa vai antecipar o pagamento de R$ 32 bilhões em dividendos a seus acionistas. A maior beneficiada, com R$ 15,4 bilhões, será a União, sócia majoritária da petrolífera (Alexandre Battibugli/Exame)

Gasolina: a empresa vai antecipar o pagamento de R$ 32 bilhões em dividendos a seus acionistas. A maior beneficiada, com R$ 15,4 bilhões, será a União, sócia majoritária da petrolífera (Alexandre Battibugli/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de agosto de 2021 às 18h02.

A Petrobras está disposta a ajudar o governo, mas não com subsídios aos combustíveis. A empresa vai antecipar o pagamento de R$ 32 bilhões em dividendos a seus acionistas. A maior beneficiada, com R$ 15,4 bilhões, será a União, sócia majoritária da petrolífera. Além disso, a estatal trabalha com o Ministério de Minas e Energia (MME) para criar um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis. A ideia é, com o dinheiro, aliviar os consumidores, que estão pagando cada vez mais caro pelos produtos da estatal, à medida que a cotação do petróleo dispara no exterior.

O incômodo do governo com a política de preços da Petrobras derrubou Roberto Castello Branco da presidência da estatal. Seu sucessor, Joaquim Silva e Luna, assumiu o cargo com a incumbência de atenuar os efeitos da valorização dos combustíveis no orçamento das famílias e, ao mesmo tempo, garantir o retorno financeiro aos acionistas. Diante da persistência da alta dos preços, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se manifestar sobre a Petrobras nos últimos dias. Ele disse estudar com a empresa a criação de um vale-gás.

"A Petrobras terá um fundo de R$ 3 bilhões para um vale-gás. A proposta está bem avançada. A ideia é dar um botijão de gás a cada dois meses para o pessoal do Bolsa Família", disse Bolsonaro a uma rádio do Rio Grande do Norte, na última quarta-feira.

A Petrobras nega. A empresa disse que, ao menos por enquanto, está ajudando apenas com ideias, que poderão ser usadas na definição do fundo de estabilização dos preços, segundo o diretor de comercialização e logística da estatal, Claudio Mastella, ao detalhar a analistas as demonstrações financeiras do segundo trimestre, quando a companhia registrou lucro de R$ 42,8 bilhões.

Uma das causas desse resultado é a política de paridade de importação adotada pela empresa, que alinha os seus preços aos do mercado internacional. A diferença, agora, é que ela está demorando mais tempo a repassar ao consumidor as volatilidades externas.

Indiretamente, no entanto, a estatal já está ajudando o governo. Neste mês, vai pagar antecipadamente uma parcela dos R$ 11,6 bilhões em dividendos destinados à União pelo resultado do fechamento de 2021. Considerando outras parcelas já pagas, o Tesouro vai ficar com R$ 15,4 bilhões de retorno pelo controle da estatal. Trata-se da maior distribuição de dividendos pela estatal desde 2018.

Reações

A antecipação dos dividendos foi bem recebida pelo mercado, que viu na medida a melhor solução para evitar possíveis intervenções políticas na gestão da empresa para baixar os preços dos combustíveis. "O Fundo Brasil, a ser integrado pela rede de resultados que a União tem direito e por recursos de privatizações e de venda de imóveis públicos, alinharia o interesse da Petrobras, minoritários e controlador", disse o UBS em relatório, projetando para 2022 dividendos de U$ 15 bilhões.

O Fundo Brasil é uma proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para pagar precatórios e benefícios sociais. Mas não foi definido, por enquanto, se o fundo de estabilização dos preços dos combustíveis terá relação com o Fundo Brasil. De qualquer forma, a ideia de utilizar os ganhos com as estatais para solucionar lacunas econômicas agrada o mercado.

O Bradesco BBI avaliou que a "Petrobras deve se tornar uma poderosa e sustentável pagadora de dividendos". Em relatório, o banco disse que os proventos podem aumentar nos próximos dez anos. "Um risco importante agora é a aproximação das eleições presidenciais de 2022."

  • Juros, dólar, inflação, BC, Selic. Entenda todos os termos da economia e como eles afetam o seu bolso. Assine a EXAME 
Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGás e combustíveisGoverno BolsonaroPetrobraspostos-de-gasolina

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor