Economia

Dívida do México deve ser aposta melhor que do Brasil

A vantagem crescente do México sobre o Brasil no mercado de bonds no exterior, que já é a maior em uma década, não mostra sinais de queda


	México: o país está atraindo investidores com um crescimento estável impulsionado pelo aumento da demanda nos EUA pelos bens de consumo
 (AFP)

México: o país está atraindo investidores com um crescimento estável impulsionado pelo aumento da demanda nos EUA pelos bens de consumo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2016 às 20h21.

A vantagem crescente do México sobre o Brasil no mercado de bonds no exterior, que já é a maior em uma década, não mostra sinais de queda em 2016.

O yield extra que os investidores exigem para manter dívidas denominadas em dólares do Brasil para 10 anos em vez de papéis do México cresceu para 3,4 pontos percentuais no mês passado depois que a Fitch atribuiu a segunda nota junk ao Brasil. A diferença, ainda próxima da maior registrada desde 2004, mostra uma reversão em relação a 2013, quando o Brasil era visto como mais seguro.

O México está atraindo investidores com um crescimento estável impulsionado pelo aumento da demanda nos EUA pelos bens de consumo produzidos em seu centro industrial, enquanto a dependência do Brasil em relação às exportações de commodities para a China reduziu o crescimento da maior economia da América Latina. Com a piora das contas públicas do Brasil em meio a um abrangente escândalo de corrupção envolvendo o governo e algumas das maiores empresas do país, o México parece uma aposta muito melhor neste ano, segundo a unidade local do BBVA.

“O ambiente favorece a dívida do governo mexicano em comparação com a do Brasil em termos de risco de crédito e por fatores econômicos”, disse Ociel Hernández, estrategista da unidade do BBVA conhecida como Bancomer, que recomenda a compra de bonds mexicanos em dólares. “O México está crescendo muito lentamente, mas no fim das contas seu crescimento está bastante ligado ao dos EUA”.

O Brasil deverá registrar sua recessão mais longa desde a Grande Depressão, projeções apontam que a economia terá contração de 2,95 por cento neste ano após encolher 3,71 por cento em 2015. A inflação superou os 10 por cento no ano passado e o real registrou as maiores perdas entre as principais moedas, enquanto o governo teve dificuldades para aprovar medidas pensadas para tirar o país da crise em meio aos esforços pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Quatro anos de expansão

Apesar de o crescimento econômico do México ter desapontado os analistas que esperavam uma expansão impulsionada pelos investimentos depois que o país decidiu abrir sua indústria energética a empresas estrangeiras, os analistas preveem uma aceleração na expansão por quatro anos consecutivos até 2017. A inflação está no nível mais baixo em quase 50 anos e a taxa de juros local representa um quarto da praticada no Brasil. A economia, segunda maior da América Latina, cresceu 2,5 por cento no ano passado, mostram as projeções.

A situação fiscal do México deverá melhorar porque o governo está se movimentando para expandir a arrecadação de impostos, segundo Simon Nocera, diretor de investimentos da Lumen Advisors. O ministro das Finanças, Luis Videgaray, disse em novembro que o déficit mexicano menor estabelecido no orçamento do governo em 2016 vai ajudar a fortalecer a economia. A dívida de 10 anos em dólares do país atualmente tem um yield 3,26 por cento menor que os bonds brasileiros.

Essa diferença “definitivamente se expandirá”, disse Nocera, que é ex-economista do FMI. “Veremos uma ampliação da diferença por dois motivos: o Brasil vai piorar e o México vai melhorar”.

Com a colaboração de Bill Faries.

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