Economia

Devolução de R$180 bi seria "muito salgada", diz BNDES

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, já havia afirmado na semana passada que o banco não aceitaria o pedido do governo

BNDES: Rabello manifestou preocupação com a ênfase de alguns membros da equipe do governo em promover cortes orçamentários (Ricardo Moraes/Reuters)

BNDES: Rabello manifestou preocupação com a ênfase de alguns membros da equipe do governo em promover cortes orçamentários (Ricardo Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de setembro de 2017 às 20h57.

São Paulo - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda não concluiu os estudos e não dispõe de um cronograma final sobre a devolução de recursos para a União, mas avalia os 180 bilhões de reais propostos pelo governo federal como um "número muito salgado", disse nesta segunda-feira o diretor de planejamento e pesquisa do banco, Carlos da Costa.

"Não temos ainda um número final, estamos estudando... Mas se 180 (bilhões de reais) colocarem em risco a missão do BNDES, eles não serão 180 bilhões, até porque não podemos colocar em risco o desenvolvimento do nosso país", afirmou a jornalistas o diretor do banco durante evento da associação de fabricantes de máquinas e equipamentos (Abimaq), em São Paulo.

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, já havia afirmado na semana passada que o banco não aceitaria o pedido do governo para a devolução de 180 bilhões, afirmando que a instituição de fomento precisa manter caixa para desembolsos no próximo ano.

Ele manifestou preocupação com a ênfase de alguns membros da equipe do governo em promover cortes orçamentários. "No governo tem algumas pessoas cuja missão é cortar, a nossa missão como banco de desenvolvimento é desenvolver o país e para isso precisamos de recursos, é claro", disse Costa.

O governo quer reaver 50 bilhões de reais este ano e 130 bilhões de reais em 2018, para suprir deficiências de receita.

Questionado sobre a processadora de carne JBS, Costa ressaltou a importância de se aprimorar a governança das empresas brasileiras. "Não podemos ter uma reunião na calada da noite para escolher o presidente (da empresa)", comentou.

O conselho de administração da JBS informou no domingo que em reunião na noite do sábado elegeu José Batista Sobrinho como presidente-executivo da companhia, no lugar do filho Wesley, que está preso por insider trading. O BNDES defende a saída da família Batista do comando da JBS.

Segundo Costa, o BNDES ainda estuda o que fará em relação à eleição de Sobrinho para a presidência da JBS. "Estamos pensando em uma saída que não penalize a empresa e seus acionistas."

Mais cedo, o presidente do BNDES já havia comentado que o banco vai consultar a Comissão de Valores (CVM) sobre a validade da reunião do conselho de administração da empresa que elegeu Sobrinho e que a instituição vai indicar dois novos representantes para compor o conselho da JBS. Um deles será Cledorvino Belini, ex-presidente da Fiat Chrysler para a América Latina.

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