Economia

Desembolsos do BNDES voltam a patamar da década de 90

O BNDES liberou R$ 33,48 bi de janeiro a junho deste ano. Na indústria, foram R$ 6,9 bilhões, 42% menos do que em igual período do ano passado

BNDES: a retomada é esperada para o ano que vem, segundo o superintendente de Planejamento e Pesquisa do banco (Nacho Doce/Reuters)

BNDES: a retomada é esperada para o ano que vem, segundo o superintendente de Planejamento e Pesquisa do banco (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de julho de 2017 às 21h58.

Rio - Em meio à crise econômica do País, os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mantiveram a trajetória de queda no primeiro semestre deste ano, com retração de 17% na comparação anual.

A indústria foi o setor com o maior impacto, com os desembolsos do setor retornando ao patamar de meados da década de 90.

Segundo o superintendente de Planejamento e Pesquisa do banco, Fabio Giambiagi, houve um "retrocesso na liberação de recursos para o setor ao longo dos últimos anos", que culminou num "fundo do poço", ainda refletido nos números do primeiro semestre de 2017, divulgados hoje. A retomada, diz ele, é esperada para o ano que vem.

O BNDES liberou R$ 33,48 bilhões de janeiro a junho deste ano. No caso da indústria, foram R$ 6,9 bilhões, 42% menos do que em igual período do ano passado. Considerando o que já foi aprovado e está na fila para sair do papel, o cenário é ainda pior.

No mesmo período, as aprovações da indústria despencaram 61%. São R$ 6,6 bilhões à espera para liberação. Segundo Giambiagi, os baixos níveis de aprovações do passado "continuarão influenciando negativamente os desembolsos por um tempo", afirmou.

Sobre o retorno ao nível de meados dos anos 90, o economista considerou o desembolso de R$ 25,2 bilhões liberados nos 12 meses até junho patamar equivalente ao de duas décadas atrás.

Em um bom momento da economia, em 2010, o BNDES chegou a liberar R$ 125 bilhões à indústria, mas, desde então, o financiamento ao setor iniciou trajetória de queda e chegou aos R$ 30,1 bilhões em 2016.

A visão do economista é que o "fundo do poço" é uma "velha metáfora" que facilmente pode ser utilizada para retratar a relação do BNDES com a indústria, hoje.

A expressão, porém, serve também para o conjunto dos desembolsos dos diferentes segmentos. A exceção é a agropecuária, que teve desempenho positivo, com aumento de 3% tanto nos desembolsos quanto nas aprovações entre janeiro e junho deste ano.

Em coletiva de imprensa, o superintendente declarou que "não se espera reversão imediata" do cenário de queda dos desembolsos. A expectativa é fechar o ano com liberação de R$ 78 bilhões, R$ 10 bilhões a menos que no ano passado.

"O desembolso em 12 meses continuará caindo por alguns meses. Até o fim do ano ou começo do ano que vem pode voltar a atingir uma dinâmica ascendente", afirmou.

Apesar disso, os dados mostram que o ritmo da queda dos desembolsos vem caindo. A retração foi de 41,65% no primeiro semestre de 2016 ante o mesmo período do ano anterior, enquanto nos últimos seis meses do ano passado a queda foi de 28,34%, também na comparação anual.

No caso das aprovações de novos empréstimos, foram R$ 32,17 bilhões nos seis primeiros meses do ano, queda de 26% frente a igual período de 2016. As consultas, primeiro passo do processo de pedido de crédito do banco, registraram R$ 48,151 bilhões de janeiro a junho, queda de 15%.

 

Acompanhe tudo sobre:BNDESInvestimentos de governo

Mais de Economia

Pix não será taxado em 2025: entenda as novas regras de monitoramento da Receita Federal

Rui Costa diz que eventos climáticos levaram inflação de 2024 para fora do teto

Em 26 anos do regime de inflação, BC descumpriu a meta em 8; carne, café e gasolina pesaram em 2024

Gasolina, café, abacate e passagens áreas: quais produtos ficaram mais caros e mais baratos em 2024