O BC alertou que a indústria sofre com queda da oferta (Arquivo)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2011 às 14h30.
São Paulo - O diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Vasconcelos, afirmou que a desaceleração do PIB registrada neste ano foi programada pelo governo, com medidas que foram adotadas no final de 2010 e início deste ano. "Em 2008, a oferta e a demanda caíram simultaneamente e não foi um resultado desejado. Desta vez é diferente. Nós temos uma desaceleração da oferta, em particular no caso do segmento industrial, que tem enfrentado momentos mais difíceis, em função do excesso de capacidade no resto do mundo dos competidores do Brasil", comentou.
"Mas nós temos uma visão de que a demanda está se moderando, num passo que foi planejado", destacou. Além de medidas de restrição da velocidade de expansão do crédito, o Copom elevou os juros em 1,75 ponto porcentual de janeiro até julho.
"No final do ano passado e início deste ano, tomamos a nosso ver medidas necessárias para que o desequilíbrio, que naquele momento se mostrava bastante acentuado entre a taxa de crescimento da demanda e da oferta, viesse abaixo", disse Vasconcelos. "Aos poucos, respeitando as defasagens de política monetária, que são cumulativas, (o nível de atividade) respondeu. O próprio setor de serviços, que era mais resiliente, tem se moderado", afirmou. Segundo o diretor do BC, até mesmo o mercado de trabalho, que mostra "pleno emprego em alguns setores", também vem diminuindo seu ritmo de abertura de vagas.
"Apesar da inflação, que está num nível elevado, é verdade, a inflação mensal já vem se posicionando em patamar mais moderado", disse o diretor do Banco Central. "A inflação em 12 meses começou a cair e neste quarto trimestre continuará caindo", destacou.
Na avaliação de Vasconcelos, o País vive uma conjuntura econômica favorável, marcada por vários indicadores. Além do IPCA apresentar diminuição de ritmo, o balanço de pagamentos está "relativamente equilibrado", pois o déficit de conta corrente deve ser da ordem de 2% do PIB neste ano, o que, segundo ele, é "plenamente financiável" com investimentos diretos. "Temos contas fiscais relativamente muito boas, com superávit primário de mais de 3% do PIB neste ano e a divida PIB líquida em torno de 38%", afirmou. "O Brasil, entre as economias mais importantes, talvez tenha sido o único país que conseguiu crescer há mais de uma década, com redução de desigualdade. E vivemos num mundo extremamente complexo", disse. "Colocando tudo isso junto, uma taxa de crescimento entre 3% e 3,5% (em 2011) é um resultado bastante importante e precisa ser comemorado".