Exame Logo

Crise argentina preocupa setor agrícola

O agronegócio brasileiro está em alerta, e os produtores estão em compasso de espera. Argentina e Brasil são fortes concorrentes na produção de carnes e grãos, e uma megadesvalorização do peso estimularia importações de produtos lácteos, frutas, vinhos, carnes e arroz produzidas no país vizinho. Um dos setores mais sensíveis na área de importação brasileira […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

O agronegócio brasileiro está em alerta, e os produtores estão em compasso de espera. Argentina e Brasil são fortes concorrentes na produção de carnes e grãos, e uma megadesvalorização do peso estimularia importações de produtos lácteos, frutas, vinhos, carnes e arroz produzidas no país vizinho. Um dos setores mais sensíveis na área de importação brasileira é o do trigo. O Brasil consome cerca de 9 milhões de toneladas anuais, sendo que 7 delas são importadas. E mais de 90% do que é importado vem da Argentina. "Nossa dependência do trigo argentino é muito grande", diz Antenor Barros Leal, vice-presidente da Abitrigo, Associação Brasileira da Indústria do Trigo. "Estamos muito preocupados"
A preocupação é pertinente. Desde meados de dezembro, as vendas de trigo argentino para o Brasil estão paralisadas. Os produtores do país vizinho recebiam em dólares das empresas exportadoras e podiam fazer seus depósitos nessa moeda. Agora, eles têm de fazer os depósitos em peso, a moeda que deve sofrer desvalorização. "Os produtores de trigo estão esperando uma definição e segurando o produto", diz Barros Leal. Para completar, os exportadores estão desde primeiro de dezembro sem receber a devolução do IVA. O imposto era pago na compra do trigo e devolvido quando da exportação do produto. Segundo a Abitrigo, o governo argentino está devendo muito dinheiro aos exportadores em devolução do imposto. "Enquanto a situação não se define, produtores e exportadores não querem vender", diz Barros Leal.
As indústrias brasileiras têm estoques para 20 ou 30 dias. Se a situação não se definir, pode faltar trigo, e o Brasil terá de recorrer aos Estados Unidos e Canadá, o que tornaria o produto mais caro. Segundo a Abitrigo, ao contrário do que ocorre no Mercosul, o Brasil terá de pagar um imposto de 12,5% para importar da América do Norte. Além disso, o frete é mais caro e há ainda o pagamento de 25% de taxa de renovação da Marinha Mercante. No final, o cereal ficaria até 40% mais caro do que o importado da Argentina. "O risco de desabastecimento preocupa todo o setor", diz Barros Leal.
Alguns setores exportadores também estão apreensivos. Das cerca de 250 000 toneladas de carne suína que o Brasil exporta, 14% vão para a Argentina. O Brasil é fornecedor preferencial daquele país, porque tem melhor logística em comparação aos países europeus.

Veja também

O agronegócio brasileiro está em alerta, e os produtores estão em compasso de espera. Argentina e Brasil são fortes concorrentes na produção de carnes e grãos, e uma megadesvalorização do peso estimularia importações de produtos lácteos, frutas, vinhos, carnes e arroz produzidas no país vizinho. Um dos setores mais sensíveis na área de importação brasileira é o do trigo. O Brasil consome cerca de 9 milhões de toneladas anuais, sendo que 7 delas são importadas. E mais de 90% do que é importado vem da Argentina. "Nossa dependência do trigo argentino é muito grande", diz Antenor Barros Leal, vice-presidente da Abitrigo, Associação Brasileira da Indústria do Trigo. "Estamos muito preocupados"
A preocupação é pertinente. Desde meados de dezembro, as vendas de trigo argentino para o Brasil estão paralisadas. Os produtores do país vizinho recebiam em dólares das empresas exportadoras e podiam fazer seus depósitos nessa moeda. Agora, eles têm de fazer os depósitos em peso, a moeda que deve sofrer desvalorização. "Os produtores de trigo estão esperando uma definição e segurando o produto", diz Barros Leal. Para completar, os exportadores estão desde primeiro de dezembro sem receber a devolução do IVA. O imposto era pago na compra do trigo e devolvido quando da exportação do produto. Segundo a Abitrigo, o governo argentino está devendo muito dinheiro aos exportadores em devolução do imposto. "Enquanto a situação não se define, produtores e exportadores não querem vender", diz Barros Leal.
As indústrias brasileiras têm estoques para 20 ou 30 dias. Se a situação não se definir, pode faltar trigo, e o Brasil terá de recorrer aos Estados Unidos e Canadá, o que tornaria o produto mais caro. Segundo a Abitrigo, ao contrário do que ocorre no Mercosul, o Brasil terá de pagar um imposto de 12,5% para importar da América do Norte. Além disso, o frete é mais caro e há ainda o pagamento de 25% de taxa de renovação da Marinha Mercante. No final, o cereal ficaria até 40% mais caro do que o importado da Argentina. "O risco de desabastecimento preocupa todo o setor", diz Barros Leal.
Alguns setores exportadores também estão apreensivos. Das cerca de 250 000 toneladas de carne suína que o Brasil exporta, 14% vão para a Argentina. O Brasil é fornecedor preferencial daquele país, porque tem melhor logística em comparação aos países europeus.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame