O financiamento imobiliário atingiu o recorde de 37 bilhões de reais no primeiro semestre (Claudio Rossi/VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2011 às 12h59.
São Paulo - O mercado imobiliário deve superar a previsão de encerrar 2011 com 85 bilhões de reais contratados em financiamentos com recursos da caderneta de poupança, segundo estimativa da associação que representa o setor no país, Abecip.
"Podemos ter surpresas em relação aos 85 bilhões (de reais) projetados. A previsão tem viés de alta", disse o presidente da Abecip, Luiz Antonio França, a jornalistas nesta quarta-feira.
Os recursos concedidos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para financiamento imobiliário atingiram recorde de 37 bilhões de reais de janeiro a junho, alta de 55 por cento sobre o mesmo período de 2010.
O montante equivale a 44 por cento da previsão da entidade para o ano. Em 2010, os financiamentos imobiliários somaram 83 bilhões de reais.
Se considerados ainda os recursos provenientes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o volume contratado no primeiro semestre salta para 49,9 bilhões de reais, 38 por cento superior ao apurado um ano antes.
"O segundo semestre é muito mais forte que o primeiro. Se este comportamento for mantido, devemos superar os 85 bilhões de reais", acrescentou França, se referindo à tendência de ter cerca de 60 por cento das contratações concentradas na segunda metade do ano.
Em termos de unidades, nos seis meses até junho foram financiados 236,5 mil imóveis pelo SBPE, número 26 por cento maior em relação ao mesmo período de 2010. Somadas as unidades adquiridas via FGTS, o volume foi de 645 mil imóveis. Deste total, 67,5 por cento foram equivalentes a imóveis usados.
A previsão da Abecip é de que, este ano, sejam contratadas 540 mil unidades pelo sistema.
Os resultados do semestre apontam a manutenção da demanda aquecida por imóveis no país, apoiada em queda da taxa de desemprego e aumento da renda média da população.
Conforme França, o cenário de aumento da taxa de juro não implica em preocupações para o setor, considerando que a maior parte dos recursos é proveniente da poupança, cujas taxas são fixas. "A influência (do juro maior) nesse mercado é muito pequena", disse ele.
Dos 37 bilhões de reais financiados no primeiro semestre, o maior volume, 19,8 bilhões, foi destinado à aquisição de imóveis, enquanto o restante foi para construção.
O percentual financiado no período foi de 62,7 por cento no semestre, o que equivale a uma entrada de 37,3 por cento do valor do imóvel, em média. Já o valor médio dos financiamentos ficou em 156 mil reais.
Em 2011 até junho, o índice de inadimplência do setor ficou em 1,15 por cento, considerado "bastante adequado para o segmento", segundo França.
Poupança
De acordo com a Abecip, as cadernetas de poupança mostraram recuperação em junho, com captação líquida de 1,2 bilhão de reais após dois meses consecutivos de resgates.
A Caixa Econômica Federal, por sua vez, informou nesta quarta-feira que encerrou julho com captação líquida de 2,5 bilhões de reais, maior captação líquida do ano e a terceira maior em dez anos. Com isso, a instituição passou a contar com 139 bilhões de reais em saldo de poupança.
Nesse sentido, França reiterou a previsão de que os recursos da poupança não serão suficientes para atender a demanda por crédito imobiliário. "O mercado vai crescer mais que a poupança... estima-se que, em 2013, a caderneta de poupança não consiga financiar todo o volume necessário".
A Abecip entregará ao Banco Central, até o final deste mês, a minuta de um projeto para acelerar a utilização de outros mecanismos de concessão de crédito, como os 'covered bonds' --emissão de papéis com maior garantia--, adotados na Europa.