Economia

Coronavírus aumenta impacto sobre produção de eletroeletrônico, diz Abinee

De acordo com a associação, a produção média das empresas eletroeletrônicas deve cair 22% no primeiro trimestre de 2020

Eletrônicos: setor é um dos impactados pelo surto de coronavírus (File Photo/Reuters)

Eletrônicos: setor é um dos impactados pelo surto de coronavírus (File Photo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de fevereiro de 2020 às 17h28.

Pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostra que 57% das empresas associadas já enfrentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes da China em decorrência do fechamento de plantas fornecedoras, por causa do surto de coronavírus no país asiático. O levantamento, divulgado nesta sexta-feira, 21, pela associação, ouviu 50 empresas do setor elétrico e eletrônico.

De acordo com o que apurou a Abinee, a produção média das empresas eletroeletrônicas deve cair 22% no primeiro trimestre de 2020. Esse resultado é 5 pontos porcentuais acima do verificado na pesquisa anterior, realizada há duas semanas.

Segundo a Abinee, a situação é observada principalmente entre os fabricantes de produtos de Tecnologia da Informação (celulares, computadores, entre outros).

Conforme o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, a nova pesquisa indica o agravamento da situação das indústrias que dependem dos componentes externos. "O momento é delicado e devemos ter diversas paralisações daqui para frente", afirma.

Ele considera, porém, que, por enquanto, não há risco de falta de produtos acabados, como celulares e computadores, no mercado brasileiro. "O problema só não é mais grave porque dispomos da produção local destes produtos", ressalta.

Entretanto, segundo o levantamento da Abinee, apenas 4% das pesquisadas já operam com paralisação parcial em suas fábricas. Outras 15% já programaram paralisações para os próximos dias, a maior parte delas, também de forma parcial.

Apesar do impacto no abastecimento, a pesquisa indicou que 54% ainda não têm previsão de parar suas atividades. A decisão dependerá de quanto tempo persistir os problemas no abastecimento.

Com esse cenário, 17% das pesquisadas informaram que não devem atingir a produção prevista para o primeiro trimestre deste ano.

Conforme essas empresas, a produção do período deverá ficar, em média, 22% abaixo da projetada. Para metade das empresas, no entanto, as projeções devem ser mantidas; outras 33% afirmaram que ainda não é possível dar essa indicação.

Normalização

As empresas do setor eletroeletrônico do Brasil que tiveram o fornecimento de insumos por causa do coronavírus levarão, em média, dois meses para normalizar o ritmo da produção, após a retomada dos embarques de materiais, componentes e insumos da China. É o que mostra pesquisa feita pela Abinee.

Na opinião de Barbato, as dificuldades atuais "acendem um sinal de alerta" não apenas para o setor eletroeletrônico como para toda a indústria brasileira que depende de materiais e componentes provenientes de um único mercado, como a China. "A situação expõe nosso alto índice de vulnerabilidade em relação à importação de componentes", observa.

Produção local

Assim, para Barbato, o problema abre uma oportunidade para que se volte a pensar na produção local de componentes utilizados na atividade produtiva do setor.

Atualmente, de acordo com a Abinee, 42% desses itens são provenientes da China, principal origem das importações de componentes do Brasil, totalizando US$ 7,5 bilhões em 2019.

Destaca-se também que os demais países da Ásia foram responsáveis por 38% das importações de componentes elétricos e eletrônicos em 2019.

Portanto, a região da Ásia representa 80% da origem dos componentes elétricos e eletrônicos do País. As empresas do setor continuam monitorando de perto essa situação para analisar os reais impactos da epidemia do coronavírus no setor eletroeletrônico.

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