Economia

Copom deve reduzir taxa de juro para 10,75% ao ano — e o mais importante é a sinalização do BC

Economistas ouvidos pela EXAME afirmam que a principal expectativa é quanto à sinalização que o BC dará em relação ao próximos passos da política monetária

Selic: reunião deve sacramentar novo corte  (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Selic: reunião deve sacramentar novo corte (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de março de 2024 às 18h40.

Última atualização em 19 de março de 2024 às 19h28.

O Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia nesta quarta-feira, 20, a decisão sobre a taxa de juro brasileira após reunião iniciada na terça. O consenso do mercado é que os diretores do Banco Central (BC) vão reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, de 11,25% ao ano para 10,75% ao ano, o quinto corte consecutivo.

Com a redução já esperada pelo mercado, economistas ouvidos pela EXAME afirmam que a principal expectativa é quanto à sinalização que o BC dará em relação aos próximos passos da política monetária.

Segundo Julio Cesar Barros, economista da Daycoval Asset, a novidade que será avaliada pelos diretores será um resultado fiscal melhor que o esperado nos primeiros meses do ano e o adiamento da discussão sobre a alteração ou não da meta do resultado primário.

“Entretanto, vale apenas lembrar que o atual forward guidance não é incondicional, ou seja, o comitê ao sinalizar os passos futuros, sempre o faz condicionado à concretização do cenário por ele esperado. Portanto, não está escrito em pedra”, alerta Barros.

O economista afirma ainda que o arrefecimento da inflação global deve continuar ocorrendo, refletindo comportamento benigno dos preços das commodities, normalização dos gargalos de oferta e materialização dos efeitos defasados da contração monetária realizada.

Como mostrou a EXAME, a equipe econômica estima déficit de 0,25% para 2024 e o Ministério da Fazenda mantém otimismo com a meta. O novo arcabouço fiscal determina como meta zerar o déficit público no ano, com uma banda de 0,25 ponto percentual de tolerância. Com isso, o resultado pode ser de um superávit ou déficit de 0,25% do PIB.

Na mesma linha, Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, afirma que a principal dúvida do mercado será se o Copom vai manter a frase que aponta reduções na mesma magnitude nos próximos reuniões.

"Acreditamos que esse assunto será discutido na reunião, mas que a probabilidade levemente majoritária é de que a frase seja mantida, indicando a sua exclusão na reunião subsequente", disse Goldenstein.

Segundo ex-diretores da autoridade monetária, economistas e analistas de mercado ouvidos pela EXAME, o BC pode ser obrigado a sinalizar uma redução do ritmo de corte de juros em vista de diversas pressões inflacionárias que se materializaram nos últimos meses. A discussão que antes girava em torno de uma aceleração do ritmo de cortes para 0,75 ponto percentual, se tornou em um risco de redução dessa magnitude para 0,25 ponto percentual.

Boas notícias da economia devem influenciar sinalização

Desde a última reunião do comitê, os dados dos setores de serviços e varejo surpreenderam positivamente, além do resultado do IBC-Br, considerado a prévia do PIB, ser acima do esperado pelo mercado financeiro.

Segundo o último Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira, 19, a projeção para a inflação oficial para 2024 subiu 0,02 ponto percentual, na segunda alta semana. O PIB teve alta de 1,78% para 1,80%, no quinto aumento consecutivo.

Acompanhe tudo sobre:Banco Central

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação