Economia

Consumo impulsiona crescimento nos EUA apesar de cautela

O PIB americano expandiu a uma taxa anual de 2%, informou o Departamento do Comércio


	O ritmo mais forte de expansão, entretanto, ficou aquém do que seria necessário para reduzir o desemprego
 (Timothy A. Clary/AFP)

O ritmo mais forte de expansão, entretanto, ficou aquém do que seria necessário para reduzir o desemprego (Timothy A. Clary/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 10h50.

Washington - O crescimento econômico dos Estados Unidos acelerou no terceiro trimestre uma vez que um impulso nos gastos do consumidor compensou os primeiros cortes em investimento em mais de um ano devido à cautela das empresas.

O ritmo mais forte de expansão, entretanto, ficou aquém do que seria necessário para reduzir o desemprego, e oferece poucos motivos de comemoração para a Casa Branca antes da eleição presidencial de 6 de novembro.

O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a uma taxa anual de 2 por cento, informou o Departamento do Comércio nesta sexta-feira, acelerando sobre o ritmo de 1,3 por cento no segundo trimestre. Seria necessário um ritmo acima de 2,5 por cento durante vários trimestres para provocar uma mudança substancial na taxa de desemprego.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um ritmo de crescimento de 1,9 por cento no terceiro trimestre.

O relatório foi divulgado pouco mais de uma semana antes da eleição, na qual o presidente Barack Obama está tentando derrotar o republicano Mitt Romney.

Desde que saiu da recessão de 2007-09, a economia tem enfrentado uma série de problemas, da alta dos preços da gasolina aos problemas de dívida na Europa, e, recentemente, temores de austeridade do governo dos EUA.

O país tem encontrado dificuldade para superar um ritmo de crescimento de 2 por cento e permanece 4,5 milhões de empregos aquém de onde estava quando a contração começou.

Os consumidores, no entanto, deram de ombros aos fortes cortes iminentes nos gastos do governo e impostos mais altos, que devem entrar em vigor no início do ano se não houver ação do Congresso.

De fato, eles foram às compras no final do trimestre, adquirindo uma série de bens --incluindo automóveis e o iPhone 5 da Apple Inc.

Os gastos do consumidor, que respondem por cerca de 70 por cento da atividade econômica dos EUA, cresceu a uma taxa de 2 por cento após subir 1,5 por cento no período anterior.

Gastos apesar de aperto da renda

Preços firmes no mercado imobiliário deixaram as famílias mais dispostas a assumir novas dívidas, dando suporte aos gastos de consumo. Entretanto, as rendas sofreram um aperto no último trimestre, levando as famílias a poupar menos para financiar suas compras.


O volume de renda disponível para as famílias depois da inflação e impostos subiu a uma taxa de 0,8 por cento no terceiro trimestre. A taxa de poupança desacelerou para 3,7 por cento depois de crescer 4 por cento no segundo trimestre.

O ritmo mais rápido de gastos aconteceu apesar de uma alta nas pressões inflacionárias com o aumento dos preços da gasolina. Um índice de preços para gastos pessoais subiu a uma taxa de 1,8 por cento, acelerando ante 0,7 por cento no segundo trimestre.

A medida do núcleo de inflação, que exclui custos de alimentos e energia, desacelerou para 1,3 por cento após subir 1,7 por cento no trimestre anterior, sugerindo que o aumento nas pressões de preço geral será temporário.

Com cerca de 23 milhões de americanos sem trabalho ou com subemprego, existem temores de que o ritmo atual de gastos não será mantido, especialmente se os preços da gasolina mantiverem sua recente tendência de alta e as famílias enfrentarem impostos mais altos em 2013.

A altas automáticas de impostos e cortes do governo, conhecidos como "abismo fiscal", enxugarão cerca de 600 bilhões de dólares da economia no próximo ano se o Congresso não agir.

Os temores em relação ao abismo fiscal já afetaram os gastos das empresas, que recuaram a um ritmo de 1,3 por cento no terceiro trimestre, recuando pela primeira vez desde os três primeiros meses de 2011.

Parte das perdas no investimento empresarial, que eram uma fonte de força para a economia, veio de equipamentos e software, onde os gastos foram os mais fracos desde o segundo trimestre de 2009.

Os gastos em estruturas não-residenciais se contraíram após cinco trimestres seguidos de crescimento.

Em contraste, a construção de moradias saltou a uma taxa de 14,4 por cento, graças em grande parte à postura de política monetária ultra-acomodativa do Federal Reserve, banco central do país, o que tem levado as taxas de hipotecas para mínimas recordes.

Os estoques pesaram sobre o crescimento devido a uma seca no Meio-Oeste do país, o que dizimou as safras. Os estoques agrícolas retiraram 0,42 ponto percentual do crescimento do PIB.

Além disso, a desaceleração da demanda global, particularmente a fraqueza na Europa e na China, provocaram uma contração das exportações dos EUA pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2009. Isso deixou um déficit comercial que pesou sobre o crescimento do PIB.

Mas houve notícias surpreedentemente boas sobre os gastos do governo, que interrompeu oito trimestres seguidos de queda devido a uma forte recuperação nos gastos com defesa.

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