Confiança da Construção cai para menor nível desde julho, diz FGV
Piora no cenário reflete a preocupação com a escassez e com a elevação dos custos, além do agravamento da pandemia, afirma coordenadora de pesquisas da instituição
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de abril de 2021 às 09h36.
Última atualização em 27 de abril de 2021 às 14h53.
O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu pelo quarto mês consecutivo, atingindo o menor nível desde julho do ano passado (83,7 pontos), de acordo com a Fundação Getulio Vargas ( FGV ). O indicador de sondagem do setor cedeu 3,8 pontos, para 85 pontos. Em médias móveis trimestrais, apresentou queda de 2,5 pontos.
Conforme a coordenadora de Projetos da Construção da FGV do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Ana Maria Castelo, a piora no cenário setorial reflete a preocupação com a escassez e com a elevação dos custos, além do agravamento da pandemia. A confiança dos empresários, afirma, retornou a um nível inferior ao observado antes da pandemia, com os dois componentes do indicador revertendo toda a melhora registrada a partir de maio de 2020.
"O problema persiste e não dá indicações de trégua, atingindo contratos em andamento e dificultando a precificação dos produtos. O elemento novo em abril foi o aumento expressivo das assinalações no quesito demanda insuficiente como limitador à melhoria dos negócios das empresas, provavelmente decorrente do fechamento dos estandes de vendas em algumas cidades", diz Castelo em nota.
O Índice de Situação Atual (ISA-CST) recuou 3,5 pontos, para 84,3 pontos, ante 87,8 pontos em março. O recuo do ISA-CST foi influenciado pela piora do indicador de situação atual dos negócios, que caiu 6,3 pontos, para 84,4, o menor nível desde agosto de 2020 (81,8).
O Índice de Expectativas (IE-CST) caiu 4 pontos, para 86 pontos, o menor patamar desde junho de 2020. O recuo acumulado nos últimos seis meses é de 13,1 pontos. Segundo a FGV, o desempenho reflete a menor expectativa dos empresários em relação à demanda, já que o indicador de demanda prevista cedeu 7,6 pontos, para 84,7 pontos, o menor resultado desde junho de 2020 (83,1).
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 5,3 pontos percentuais (p.p), para 77,1%. O Nuci de Mão de Obra deu a maior contribuição, com avanço de 5,6 p.p, chegando a 78,6%, seguido pelo Nuci de Máquinas e Equipamentos, que aumentou 4,4 p, a 70,5%.
De acordo com a FGV, os primeiros meses de 2021 representam uma clara inflexão da retomada, já que o indicador de Evolução Recente da Atividade voltou a nível semelhante ao de agosto de 2020. Dessa forma, em abril, 16,0% das empresas sinalizaram uma redução do número de empregados nos próximos meses, ao passo que 12,1% indicaram intenção de contratar. "Após superar o nível pré-pandemia, o setor andou de lado, sem conseguir deslanchar", afirma a instituição em nota.