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"Comprar e contratar nos EUA": Trump tenta concretizar promessa

O presidente americano tentou nesta terça dar forma a seu slogan assinando um decreto para reformar o sistema de vistos a trabalhadores qualificados

Donald Trump: Trump busca estimular a modificação dos célebres vistos H-1B, muito apreciados pelas empresas especializadas nas novas tecnologias (Kevin Lamarque/Reuters)
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AFP

Publicado em 18 de abril de 2017 às 20h00.

"Compre (produtos) americanos, contrate americanos": Donald Trump tentou nesta terça-feira dar forma a seu slogan assinando um decreto para reformar o sistema de vistos a trabalhadores qualificados, mas sua margem de manobra é limitado.

Assim como a maioria dos decretos assinados agora pelo presidente republicano, trata-se mais mais de um pedido a propostas dos diferentes ministérios do que de uma mudança concreta na vida econômica do país.

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Com esse texto, que será assinado em Kenosha (Wisconsin, norte), Trump busca estimular a modificação dos célebres vistos H-1B, muito apreciados pelas empresas especializadas nas novas tecnologias, com o argumento de lutar contra a "fraude e os abusos".

Essas permissões de trabalho de duração limitada destinados a cientistas, engenheiros e analistas de informática, são em particular o caminho de entrada para muitos programadores indianos atraídos pelo Vale do Silício, entre outros.

Os Estados Unidos entregam aproximadamente 85.000 vistos desse tipo por ano.

O decreto ordena os departamentos pertinentes (Trabalho, Justiça, Segurança interior, Estado) a lutar contra a fraude e a propor reformas para que o programa H-1B "recupere seu objetivo inicial: dar vistos aos postulantes mais qualificados para os postos melhor remunerados".

"Durante um longo tempo, o programa H-1B foi aplicado de forma nefasta para os trabalhadores americanos", segundo a Casa Branca, que argumenta que o programa resultou na chegada de uma onda de trabalhadores relativamente pouco qualificados e mal remunerados no setor tecnológico.

Trump não pode com apenas uma canetada modificar o número de vistos outorgados e precisa de uma ampla reforma por parte do Congresso, mas a Casa Branca espera com isso dar impulso a uma eventual reforma legislativa cujas características continuam sendo pouco claras.

Imigração "por mérito"

Em seu primeiro discurso ao Congresso, em 1º de março, Trump defendeu o abandono "do sistema atual de imigração pouco qualificada".

Usando como exemplo Canadá e Austrália, insistiu que o país deve se orientar para um sistema "baseado no mérito".

O decreto que será assinado pelo presidente também inclui um pedido de "Compra americana", que pede uma aplicação mais rígida da legislação existente incitando a utilização de produtos fabricados no país nos contratos públicos.

A Aliança de industriais americanos comemorou a iniciativa. "Essa deveria ser a política de nosso governo, de maximizar a utilização de aço, ferro e bens fabricados no país comprados com dinheiro público. Estamos satisfeitos que o presidente esteja de acordo com isso", afirmou o presidente da Aliança, Scott Paul.

Ao aproximar-se dos primeiros 100 dias de mandato, essa visita a Wisconsin ganha um simbolismo político especial.

Trump derrotou por pouco sua rival democrata Hillary Clinton neste Estado, uma façanha, pois nenhum candidato republicano à Casa Branca ganhava ali desde 1984.

Entretanto, a eleição de 8 de novembro já parece distante e a cota de popularidade do mandatário se mantém muito abaixo de seus antecessores no mesmo período.

Sua firmeza em relação à Síria e à Coreia do Norte foi recebida positivamente no cenário internacional, mas Trump sabe que o balanço de sua gestão de interna é fraco, depois do revés com a justiça sobre a imigração e da tentativa frustrada de tentar passar no Congresso a reforma do sistema de saúde.

Sua ampla reforma fiscal, promessa central de sua campanha, que deveria incluir principalmente uma redução de impostos sobre os lucros das empresas, demora a se tornar concreta, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, admitiu na terça-feira em declaração ao Financial Times que provavelmente a demora deve continuar.

O objetivo inicial de aprovação pelo Congresso do projeto sobre o tema antes de agosto "é muito otimista, e até irreal atualmente", reconheceu.

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