Comissário da UE diz que teve discussão franca com Maggi
Suspeitas de corrupção no sistema brasileiro de fiscalização fitossanitária são "inaceitáveis", segundo comissário
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de março de 2017 às 14h59.
Última atualização em 28 de março de 2017 às 15h41.
Brasília - O comissário europeu para Saúde e Sanidade Alimentar, Vytenis Andriukaitis, disse nesta terça-feira, 28, que as suspeitas de corrupção no sistema brasileiro de fiscalização fitossanitária são "inaceitáveis", ainda mais quando colocam em risco a saúde da população aqui ou na Europa. A afirmação foi feita após reunião com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em Brasília.
O europeu avaliou que a discussão foi "longa, aberta e franca" e uma oportunidade para receber mais informações de nível prático e técnico, além dos próximos passos que serão tomados pelo ministério após a crise desencadeada pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Ele acrescentou que haverá uma nova reunião na quinta-feira, 30, para discutir os detalhes em mais profundidade.
Andriukaitis disse ter explicado a Maggi a posição dos Estados-membros da União Europeia, do Parlamento Europeu e de outras autoridades. "Brasil e União Europeia são parceiros fortes", afirmou. Por isso, acrescentou, é importante o comprometimento do ministro no sentido de demonstrar que o sistema sanitário brasileiro é confiável. "Um controle independente dará a mensagem aos parceiros brasileiros que o sistema é capaz de oferecer confiança e previsibilidade", comentou.
Ele disse esperar que as autoridades brasileiras implementem ações corretas para restaurar a credibilidade o mais rápido possível. "Está nas mãos deles", afirmou. Andriukaitis acrescentou que reportará a Bruxelas e ao Parlamento Europeu, se necessário, as informações recebidas nesta terça. Na conversa, eles trataram também de outros temas, como a influenza aviária, a resistência antimicrobiana e o comércio entre Brasil e União Europeia.
Questionado se o Brasil está em um bom caminho para recuperar a confiança, ele disse que pretende continuar nessa direção. "Vamos fazer o melhor dos dois lados." Ele afirmou que ainda é difícil determinar se o problema no controle sanitário brasileiro é pontual ou sistêmico. Mas que, até o momento, está satisfeito com as medidas adotadas pelo governo brasileiro e pelo diálogo aberto e transparente.