Economia

Com inflação em alta, Copom anuncia hoje Selic

A expectativa com o resultado cresceu após nota do presidente do BC, Alexandre Tombini, sobre projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI)


	Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: analistas que projetavam aumento da Selic em 0,5 ponto percentual mudaram a aposta
 (REUTERS/Paco Chuquiure)

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: analistas que projetavam aumento da Selic em 0,5 ponto percentual mudaram a aposta (REUTERS/Paco Chuquiure)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2016 às 12h37.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia hoje (20) à noite sua decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, em um cenário com inflação em alta e encolhimento da economia.

A expectativa com o resultado cresceu após nota do presidente do BC, Alexandre Tombini, sobre projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O FMI aumentou a projeção de queda da economia brasileira, este ano, de 1% para 3,5%. Para o fundo, será o segundo ano consecutivo de queda da economia. Para 2015, o FMI projeta uma retração de 3,8%. 

Em 2017, a expectativa é de estabilidade, com a estimativa de crescimento zero do Produto Interno Bruto (PIB). Em outubro do ano passado, o FMI projetava crescimento de 2,3%, em 2017.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, divulgou nota e disse que as revisões das projeções, feitas pelo fundo, foram significativas e serão consideradas na decisão do Copom.

A nota em dia de reunião do Copom, que começou ontem, gerou polêmica por se incomum o pronunciamento do BC no período que antecede o anúncio da taxa Selic.

Para alguns analistas, o BC estaria cedendo a pressões ao indicar que a Selic não vai subir como se esperava. 

Depois da divulgação da nota de Tombini, analistas que projetavam aumento da Selic em 0,5 ponto percentual mudaram a aposta para 0,25 ponto percentual ou até mesmo estabilidade da taxa básica.

Para o professor de macroeconomia do Ibmec-RJ e economista da Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Alexandre Espírito Santo, apesar de ser incomum o presidente do BC fazer pronunciamentos no dia de reunião do Copom, a ação de Tombini dá transparência.

“É normal o Banco Central não se manifestar no período de silêncio, mas não vejo como algo que possa ferir a credibilidade do Copom. Se ele viu que o mercado estava projetando algo em desacordo com o que efetivamente vai acontecer, ele fez a sinalização”, disse.

Na avaliação do economista, “a situação do Banco Central é extremamente delicada. É a mais complexa que me lembro”, em referência ao atual cenário econômico.

 “A atividade econômica já está extremamente prejudicada. Estimamos queda [da economia] entre 2% e 2,5%, este ano. Já tem analista falando em 4% [de retração]. Isso não referenda um aumento de taxa de juros”, destacou.

A elevação da taxa Selic afeta a demanda, porque os juros altos encarem o crédito e estimulam a poupança. Quando há redução da Selic, o efeito é o contrário: incentiva produção e consumo, mas alivia o controle da inflação.

Para o economista, a inflação atual não é gerada por excesso de demanda e não faria sentido aumentar os juros para penalizar a economia.

Entretanto, o economista acredita que o Copom deve elevar a Selic em 0,25 ponto percentual para o colegiado não ser contraditório relação ao discurso atual, ao dizer que adotará as medidas necessárias para controlar a inflação.

“A demanda não está aquecida. Se é pra elevar [a Selic], tem que ser a menor”, disse. Atualmente, a taxa básica está em 14,25% ao ano. O economista projeta que a Selic encerrará 2016 em 15% ao ano. “A probabilidade de não subir é muito baixa”, acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:Alexandre TombiniBanco CentralEconomistasFMIMercado financeiroPersonalidades

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor