Economia

Com crise, comércio faz promoção às vésperas do Natal

"Nunca tínhamos dado desconto na véspera do Natal", disse a vendedora Naiara Andrade, da loja de bijuterias Irean, da 25 Março

"Nunca tínhamos dado desconto na véspera do Natal", disse vendedora de loja de bijuterias Irean, da 25 Março (EXAME/Exame)

"Nunca tínhamos dado desconto na véspera do Natal", disse vendedora de loja de bijuterias Irean, da 25 Março (EXAME/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de dezembro de 2016 às 10h50.

São Paulo - No Natal da crise, em São Paulo, tanto os corredores de comércio popular, como a Rua 25 de Março, quanto as lojas dos Jardins, da Rua Oscar Freire, por exemplo, recorrem às promoções e descontos típicos de épocas de liquidação para atenuar a queda nas vendas.

A expectativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) é de uma retração de 4%, o segundo pior desempenho para o Natal em 15 anos, superado só pelo tombo de 7,1% do ano passado.

O pagamento da segunda parcela do 13º salário, na última terça-feira, não deu o impulso esperado no volume de negócios, especialmente no comércio popular.

Ontem, antevéspera do Natal, o fluxo de pessoas na Rua 25 de Março era fraco e distante do Natal de 2010, que foi o melhor ano da década. Em dezembro de 2010, a receita do varejo aumentou mais de 15% em relação ao ano anterior.

"Nunca tínhamos dado desconto na véspera do Natal", disse a vendedora Naiara Andrade, da loja de bijuterias Irean, da 25 Março. O corte no preço varia de 50% a 90%, dependendo do produto e a tentativa é rebater a queda nas vendas de 70%.

O quadro se repete na loja vizinha San Bijuterias, que registra queda de 60% nas vendas. Lidiane de Albuquerque, gerente, contou que a estratégia da empresa foi fazer promoções por um preço fixo de R$ 2, R$ 3, R$ 4 e R$ 5, no lugar do desconto. "Neste ano, por exemplo, estamos vendendo brincos por R$ 2. No ano passado, o menor preço era R$ 8."

Com três lojas na região, a empresa fechou uma loja e pode fechar a segunda, dependendo do desempenho do Natal, disse Lidiane. O quadro de funcionários também encolheu: eram 11 vendedores na loja no Natal de 2015 e hoje são quatro.

Migração

O que está salvando algumas lojas da 25 de março é a migração de consumidores de shoppings que vão às compras na região em busca de preço baixo. A Armarinhos Fernando era uma das poucas da rua que ontem tinham movimento intenso, inclusive com filas no caixa.

"O valor médio das vendas este ano está 9% maior porque tem muitos consumidores que vieram dos shoppings", disse o gerente, Ondamar Ferreira.

Segundo ele, as vendas na empresa cresceram 6% no Natal deste ano em relação ao anterior em boa parte porque não houve majoração nos preços em relação ao Natal do ano passado. O gerente frisou que apenas alguns itens estão com descontos este ano, mas admitiu que no Natal de 2015 não houve promoção.

De toda forma, o que se vê na loja são descontos significativos em muitos brinquedos. Foi exatamente o preço menor que levou a analista de finanças Lídia Fonseca para a Rua 25 de Março.

"Comprava geralmente em shopping, que é mais fácil. Este ano peguei uma folga e vim aqui." Ontem ela gastou R$ 70 com seis brinquedos. Se tivesse ido ao shopping, teria desembolsado o dobro, calculou.

O desconto e a promoção como iscas para atrair o consumidor também são nítidos no comércio dos Jardins. Na loja da Carmen Steffens, grife de moda feminina, da Oscar Freire, há uma faixa com letras enormes anunciando descontos de até 50% para itens selecionados.

É a primeira vez que a loja oferece descontos no Natal, segundo Rallyson Chaves, supervisor. "Fizemos essa estratégia para atrair clientes, aumentar o fluxo da loja", disse.

Ele ressaltou que as vendas da loja estão crescendo entre 18% e 20% este mês em relação ao mesmo período de 2015, mas admitiu que parte do desempenho positivo ocorreu por causa dos descontos.

Acompanhe tudo sobre:ConsumoCrise econômicaCrises em empresasNatalPromoções

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor