Com comissão especial instalada, roda da Previdência começa a girar
Apesar de já instalada, comissão não deve ter sessões nesta semana devido ao feriado de 01 de maio
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2019 às 06h39.
Última atualização em 29 de abril de 2019 às 09h58.
A reforma da Previdência começa mais uma etapa nesta segunda-feira. Depois de percorrer um longo caminho até a admissibilidade de seu mérito constitucional perante a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, a reforma finalmente avançou à fase da Comissão especial.
Nesta semana deve ser definido o calendário de trabalho, mas não haverá sessões devido ao feriado de 01 de maio e as discussões só devem começar oficialmente no próximo dia 07.
De acordo com o regimento interno da casa, o colegiado, que já conta com relator e presidente, terá até 40 sessões para maturar e propor mudanças no texto que será votado pelos deputados da casa.
Uma das principais preocupações do governo, agora, é sobre como ficará a configuração final da reforma depois de passar pelo crivo dos 46 titulares e 46 suplentes que compõem o colegiado. Na semana passada, para obter apenas a admissibilidade constitucional da matéria, o governo precisou, a contragosto, retirar quatro pontos do projeto. O fato demonstra que, muito provavelmente, o texto ainda sofrerá novas mudanças, o que coloca em xeque os planos da equipe econômica de economizar cerca de 1 trilhão de reais nos próximos dez anos.
Sobre o fator econômico da reforma, na última sexta-feira, o recém-empossado presidente da Comissão especial, Marcelo Ramos (PR-AM), criticou a falta de habilidade com a qual o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem lidando com a pauta. Em uma entrevista à rádio Eldorado, o deputado declarou que “cada vez que Bolsonaro fala sobre a reforma, ele retira alguma coisa”, e completou dizendo acreditar que “se Bolsonaro falar menos da reforma até ela ser aprovada, vai ajudar bastante”.
Ramos já antecipou que haverá a necessidade de realizar alguns ajustes no texto. “Não podemos fazer um ajuste fiscal exigindo este sacrifício do trabalhador rural, dos mais pobres que recebem o BPC”, falou a respeito de um dos pontos mais polêmicos da pauta, que é o Benefício de Prestação Continuada, pagamento a idosos em situação de extrema pobreza.
Após a Comissão Especial, o relator da reforma, deputado Samuel Moreira (PSDB-MG), indica à Câmara se a casa deve aceitar ou recusar o projeto de reforma. Em seguida, os deputados ainda podem impor vetos, emendas e modificações no texto. Os frequentes entraves a tramitação, no entanto, fazem com que o plano do governo de aprovar a nova Previdência ainda no primeiro semestre fique cada vez mais distante. Ao que tudo indica, a reforma finalmente deve começar a girar, mas não se sabe o ritmo nem para onde ela irá.