Claro que proposta de reforma tributária não é anti-Guedes, diz Rossi
Deputado diz que há hoje no cenário político uma "conspiração" a favor da aprovação da mudança do sistema tributário brasileiro
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de junho de 2019 às 12h00.
Última atualização em 24 de junho de 2019 às 16h10.
Brasília - Autor da proposta de reforma tributária , o líder do MDB na Câmara , deputado Baleia Rossi (SP), diz que há hoje no cenário político uma "conspiração" a favor da aprovação da mudança do sistema tributário brasileiro. Baleia Rossi afirma que a proposta não é "anti-Guedes", numa referência ao ministro da Economia, Paulo Guedes .
A seguir, os principais trechos da entrevista.
É mais fácil o projeto passar na Câmara começando do zero?
Tem menos interferência no mercado. Temos hoje um Parlamento 50% renovado. É razoável imaginar que esses novos deputados queiram debater um projeto de tamanha magnitude. Vamos respeitar muito as ideias do Hauly (ex-deputado Luiz Carlos Hauly, ex-relator da reforma tributária). Agora, é importante começar do zero.
Por que não esperar a proposta do Executivo?
Estive na semana passada em uma palestra com o Marcos Cintra (secretário especial da Receita Federal), e ele disse que é absolutamente natural e correto haver protagonismo do Legislativo na reforma tributária. Temos 30 anos de debate. Os fatores políticos hoje são convergentes e favoráveis.
Muitos veem a sua PEC uma proposta 'anti-Guedes'.
Claro que não é 'anti-Guedes'. Pelo contrário, temos que fazer a quatro mãos: o Parlamento e o governo. Uma pauta dessa magnitude não anda se não houver diálogo e convergência com o governo.
Não tem briga?
Não tem e fomos muito corretos. Aprovamos o projeto na CCJ em maio e esperamos exatamente para que o Parlamento não usasse a reforma tributária para atrapalhar a da Previdência. Então, tivemos esse zelo, esse cuidado. Se você perguntar hoje para um deputado se ele prefere votar tributária ou previdência, todo mundo vai querer a primeira.
A proposta do Cintra prevê três etapas. Um delas conversa com a do senhor e as outras duas, não. Como fazer um modelo convergente?
Em todas entrevistas, o presidente Bolsonaro afirma que a reforma tributária é prioridade. O Cintra elogia a proposta. Ele faz só uma ponderação: a de que será mais difícil a aprovação política na Câmara e no Senado porque a reforma unifica também os impostos estaduais e municipais. Mas o fato de ser oriunda do Parlamento também teve um facilitador na própria CCJ. Nós conseguimos praticamente unanimidade na admissibilidade.