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5 passos para o Brasil escapar do desastre

Calote na dívida ou estagnação econômica poderiam levar o país para o buraco, segundo analistas, mas há espaço para melhora

Crise: para analistas, solução passa por abertura da economia, ajuste fiscal e queda na inflação (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de março de 2016 às 20h08.

O Brasil ainda tem tempo para escapar de um desastre , que poderia vir com um default da dívida ou uma combinação de estagnação econômica com inflação muito maior do que a atual.

O ajuste fiscal é o principal consenso entre as ações para evitar este cenário, segundo economistas presentes em debate promovido pela Bloomberg e Anbima em São Paulo.

O lado bom é que, se o governo conseguir melhorar as expectativas, o sinal estará verde para a retomada da queda dos juros , possivelmente no segundo semestre.

Veja os cinco passos para o país sair da crise:

1) Ajuste fiscal: “O Brasil precisa de um novo pacto social. O Estado tem de caber em sua economia”, disse Fernando Honorato, economista-chefe da Bradesco Asset Management.

A reforma da Previdência e um teto para os gastos públicos seriam avanços importantes, segundo Carlos Kawall, economista do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro.

Embora não considere haver risco de insolvência no curto prazo, o economista vê “dramaticidade” na situação fiscal. O déficit nominal em mais de 10% do PIB, estima o economista, representa 50% da arrecadação. “Este é o problema que temos hoje no Brasil.”

“O Brasil precisa de esforço fiscal que coloque a dívida em trajetória sustentável de forma crível. E de uma política monetária de reafirmação dos compromissos com a meta de inflação, também de forma crível”, disse  Marcelo Carvalho, economista do BNP Paribas. “Em ambos os casos, precisamos de credibilidade.”

2) Solução política: A implementação de cortes de despesas exige a solução da crise política, disse Carvalho.

Ele lembra que, ao contrário de outras crises vividas pelo país, hoje não há espaço para elevar a carga tributária, que já é muito alta. Sem governabilidade, é impossível qualquer equipe econômica superar a crise, afirma Kawall.

Embora as investigações da Lava Jato tragam incertezas no cenário político, Luiz Fernando Figueiredo, sócio e CEO da Mauá Capital e ex-diretor do BC, destaca a importância do combate à corrupção, que está dando uma “pancada” na impunidade.

“O que está acontecendo com a Lava Jato do ponto de vista institucional é de se tirar o chapéu. O processo é dolorido, a incerteza de curto prazo é enorme, mas no longo prazo é muito bom para o País”, disse Figueiredo.

3) Petrobras: O CEO da Mauá sugere uma capitalização da estatal e que seja feita logo, em um plano de 1, 2 ou 3 anos, em até R$ 100 bilhões.

“Pode ser via BNDES, faz de uma maneira que seja razoável, mas capitalize a empresa”, disse Figueiredo. “Todo mundo sabe que Petrobras terá de ser capitalizada em algum momento, só que cada dia que passa isso fica mais caro”, disse Figueiredo.

A capitalização, segundo o economista, ajudaria a baratear o custo da dívida não apenas da empresa, mas também do Brasil. A estatal sairia de um “equilíbrio ruim” para um equilíbrio mais positivo.

Carvalho, do BNP, observa que a crise da Petrobras afeta a economia brasileira por 3 canais: 1) os preços dos combustíveis, que precisam permanecer altos mesmo com o petróleo em queda no exterior; 2) a política fiscal, pois se houver capitalização a dívida do governo tende a aumentar; e 3) a queda dos investimentos da estatal, uma das maiores empresas do Brasil, afeta toda a cadeia de petróleo e a taxa de investimentos na economia.

4) Queda da inflação e Selic: O BC deve manter o juro estável no curto prazo, enquanto aguarda uma melhora das expectativas inflacionárias.

No segundo semestre, mesmo quem vê espaço para retomada do corte da Selic o condiciona a fatores como a queda das projeções de inflação e à melhora fiscal, além de um câmbio comportado.

Kawall, do Safra, prevê dois cortes de 0,50 pp da Selic no final do ano. A inflação de alimentos, que "está melhorando”, e a mudança da bandeira tarifária de energia podem ajudar o BC.

A inflação também deve cair junto com o dólar, que poderia voltar a R$ 3,50 em caso de uma "união política, com ou sem impeachment”, que faria agenda de reformas andar, diz o economista.

Ele adverte, porém, que uma radicalização do cenário poderia levar o dólar a R$ 5,00. No mercado de juros futuros, os contratos já precificam a possibilidade de cortes no segundo semestre.

5) Abertura da economia: Kawall, do Safra, defende uma "abertura comercial agressiva”, com acordos bilaterais. "Nós ficamos para trás nisso”, disse Kawall, que ainda cita a reforma trabalhista e a desindexação do orçamento entre as reformas necessárias.

Para Honorato, da BRAM, além da abertura da economia, o Brasil precisa retomar uma agenda "micro”, com a busca de padrões de excelência, como os da OCDE, para o ambiente de negócios.

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O Brasil ainda tem tempo para escapar de um desastre , que poderia vir com um default da dívida ou uma combinação de estagnação econômica com inflação muito maior do que a atual.

O ajuste fiscal é o principal consenso entre as ações para evitar este cenário, segundo economistas presentes em debate promovido pela Bloomberg e Anbima em São Paulo.

O lado bom é que, se o governo conseguir melhorar as expectativas, o sinal estará verde para a retomada da queda dos juros , possivelmente no segundo semestre.

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1) Ajuste fiscal: “O Brasil precisa de um novo pacto social. O Estado tem de caber em sua economia”, disse Fernando Honorato, economista-chefe da Bradesco Asset Management.

A reforma da Previdência e um teto para os gastos públicos seriam avanços importantes, segundo Carlos Kawall, economista do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro.

Embora não considere haver risco de insolvência no curto prazo, o economista vê “dramaticidade” na situação fiscal. O déficit nominal em mais de 10% do PIB, estima o economista, representa 50% da arrecadação. “Este é o problema que temos hoje no Brasil.”

“O Brasil precisa de esforço fiscal que coloque a dívida em trajetória sustentável de forma crível. E de uma política monetária de reafirmação dos compromissos com a meta de inflação, também de forma crível”, disse  Marcelo Carvalho, economista do BNP Paribas. “Em ambos os casos, precisamos de credibilidade.”

2) Solução política: A implementação de cortes de despesas exige a solução da crise política, disse Carvalho.

Ele lembra que, ao contrário de outras crises vividas pelo país, hoje não há espaço para elevar a carga tributária, que já é muito alta. Sem governabilidade, é impossível qualquer equipe econômica superar a crise, afirma Kawall.

Embora as investigações da Lava Jato tragam incertezas no cenário político, Luiz Fernando Figueiredo, sócio e CEO da Mauá Capital e ex-diretor do BC, destaca a importância do combate à corrupção, que está dando uma “pancada” na impunidade.

“O que está acontecendo com a Lava Jato do ponto de vista institucional é de se tirar o chapéu. O processo é dolorido, a incerteza de curto prazo é enorme, mas no longo prazo é muito bom para o País”, disse Figueiredo.

3) Petrobras: O CEO da Mauá sugere uma capitalização da estatal e que seja feita logo, em um plano de 1, 2 ou 3 anos, em até R$ 100 bilhões.

“Pode ser via BNDES, faz de uma maneira que seja razoável, mas capitalize a empresa”, disse Figueiredo. “Todo mundo sabe que Petrobras terá de ser capitalizada em algum momento, só que cada dia que passa isso fica mais caro”, disse Figueiredo.

A capitalização, segundo o economista, ajudaria a baratear o custo da dívida não apenas da empresa, mas também do Brasil. A estatal sairia de um “equilíbrio ruim” para um equilíbrio mais positivo.

Carvalho, do BNP, observa que a crise da Petrobras afeta a economia brasileira por 3 canais: 1) os preços dos combustíveis, que precisam permanecer altos mesmo com o petróleo em queda no exterior; 2) a política fiscal, pois se houver capitalização a dívida do governo tende a aumentar; e 3) a queda dos investimentos da estatal, uma das maiores empresas do Brasil, afeta toda a cadeia de petróleo e a taxa de investimentos na economia.

4) Queda da inflação e Selic: O BC deve manter o juro estável no curto prazo, enquanto aguarda uma melhora das expectativas inflacionárias.

No segundo semestre, mesmo quem vê espaço para retomada do corte da Selic o condiciona a fatores como a queda das projeções de inflação e à melhora fiscal, além de um câmbio comportado.

Kawall, do Safra, prevê dois cortes de 0,50 pp da Selic no final do ano. A inflação de alimentos, que "está melhorando”, e a mudança da bandeira tarifária de energia podem ajudar o BC.

A inflação também deve cair junto com o dólar, que poderia voltar a R$ 3,50 em caso de uma "união política, com ou sem impeachment”, que faria agenda de reformas andar, diz o economista.

Ele adverte, porém, que uma radicalização do cenário poderia levar o dólar a R$ 5,00. No mercado de juros futuros, os contratos já precificam a possibilidade de cortes no segundo semestre.

5) Abertura da economia: Kawall, do Safra, defende uma "abertura comercial agressiva”, com acordos bilaterais. "Nós ficamos para trás nisso”, disse Kawall, que ainda cita a reforma trabalhista e a desindexação do orçamento entre as reformas necessárias.

Para Honorato, da BRAM, além da abertura da economia, o Brasil precisa retomar uma agenda "micro”, com a busca de padrões de excelência, como os da OCDE, para o ambiente de negócios.

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