Economia

Chuvas afetam qualidade da soja de MT e atrapalham negócios

Grãos com alto teor de umidade e de baixa qualidade têm sido rejeitados por empresas, afirmou a Aprosoja


	Soja: produtores e mercado ainda não têm uma estimativa de qual é o volume de soja avariada que chega a armazéns
 (Divulgação)

Soja: produtores e mercado ainda não têm uma estimativa de qual é o volume de soja avariada que chega a armazéns (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 18h11.

São Paulo - Produtores de Mato Grosso têm tido algumas cargas de soja da nova safra rejeitadas ou compradas com grandes descontos, em função da baixa qualidade dos grãos neste início de colheita 2012/13, marcada por chuvas prolongadas.

A associação dos produtores (Aprosoja) afirma que há diversos registros, em todas as regiões do Estado --maior produtor da oleaginosa no país--, de empresas que não aceitam a soja por estar com elevado teor de umidade e grande incidência de grãos ardidos (de baixa qualidade, em início de apodrecimento).

"Começaram a recusar. Essa soja está muito ruim de qualidade, fora de padrão", disse Nery Ribas, diretor técnico da entidade. "Uma grande maioria dos produtores não possui armazém, então esse é um grande problema." Na região central de Mato Grosso, por exemplo, já houve acúmulo de 199 milímetros de chuva desde o começo de fevereiro, aproximando-se da média história para o mês inteiro, de 262 milímetros, segundo a Somar Meteorologia.

O analista Bruno Perottoni, da corretora Terra Investimentos, afirma que há muita soja sendo recebida com descontos por estar fora dos padrões.

"Tem gente que está recebendo soja com 37 por cento de umidade", diz ele, sendo que o padrão do mercado é abaixo de 20 por cento.

Segundo Perottoni, alguns cerealistas de Mato Grosso têm buscado soja no interior do Paraná para "levantar esse padrão", realizando a mistura com grãos de mais qualidade para cumprir contratos de exportação.


Nem os produtores nem o mercado têm ainda estimativas do volume de soja avariada que está chegando aos armazéns.

"Deve ter bastante coisa, não vai aparecer em números como quebra, mas tem alguma coisa com padrão mais baixo", disse Perottoni, lembrando que o governo continua a elevar sua projeção para volume a ser colhido este ano no Brasil, sem levar em conta a qualidade dos grãos.

No início do mês a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou para 83,4 milhões de toneladas a projeção oficial para a colheita de soja no país.

COLHEITA RETOMADA

O levantamento mais recente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que a colheita de soja já avançou em cerca de um quinto da área plantada no Estado, mesmo com atrasos causados por chuvas acima da média nas últimas semanas.

A Aprosoja estima que este volume possa passar de 30 por cento neste momento, já que os trabalhos de campo puderam ser retomados desde segunda-feira, com a redução das chuvas em Mato Grosso.


"O pessoal está conseguindo colher em todo o Estado", disse o diretor técnico da entidade.

Ribas afirma que os produtores estão buscando todas as janelas de tempo seco disponíveis para colocar as colheitadeiras em campo. A meteorologia aponta que as chuvas deram uma trégua no Centro-Oeste esta semana.

"O produtor primeiro quer salvar a soja e depois entrar com milho", disse ele, lembrando o interesse dos agricultores em realizar o plantio do milho de segunda safra.

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