BRIC busca consolidação como bloco unido em reunião
Na pauta estão temas como a crise europeia, a situação na Síria, a eleição do próximo presidente do Banco Mundial, além da criação de um Banco de Desenvolvimento do BRIC
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2012 às 12h39.
Nova Délhi - As potências emergentes que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem nesta quarta e quinta-feira em Nova Délhi em mais um passo na busca pela consolidação do grupo como um bloco unido e com uma influência na geopolítica mundial proporcional ao seu poder econômico.
Na pauta deste que é o quarto encontro do grupo estão temas como a crise da dívida na Eurozona, que começou a afetar seu crescimento, a situação no Norte da África e no Oriente Médio, em particular na Síria, a eleição do próximo presidente do Banco Mundial, além da criação de um Banco de Desenvolvimento do BRIC.
A primeira a chegar na capital indiana foi a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acompanhada de 6 ministros, um vice-ministro e dois governadores. Dilma pretende realizar uma reunião paralela com o governo indiano na sexta-feira.
A reunião do BRIC, que juntos somam mais de um quarto da superfície do planeta, mais de 41% de sua população e cerca de 25% do PIB mundial, terá início na quarta-feira, com um jantar, e seguirá na quinta-feira com reuniões.
"Apesar de essas potências emergentes responderem por 56% do crescimento mundial, frente aos 9% do G7 (países desenvolvidos), elas ainda estão em busca de uma identidade comum e uma cooperação institucionalizada", disse Brahma Chellaney, professor de Estudos Estratégicos do Centro de Pesquisa Política, com sede em Délhi.
Essa situação, no entanto, não é surpreendente para a maioria dos analistas, devido às diferenças de sistemas políticos, econômicos, objetivos nacionais e até mesmo questões geográficas dos países envolvidos. Apesar disso, dizem os especialistas, é a primeira iniciativa global com mescla oriental e ocidental a fazer frente à hegemonia do mundo desenvolvido.
Por isso, o mundo tem demonstrado grande interesse na decisão dos BRIC sobre um eventual apoio a algum dos três candidatos à presidência do Banco Mundial: o médico e antropólogo americano de origem sul-coreana, Jim Yong Kim, presidente do Dartmouth College e apoiado por Washington; o colombiano José Antonio Ocampo, ex-ministro da Fazenda da Colômbia e professor na Universidade Columbia, e a ministra nigeriana de Finanças, Ngozi Okonjo-Iweala.
O bloco de países emergentes, no entanto, não declarou até o momento a intenção de apoiar de maneira conjunta a nenhum candidato em específico para a direção do BM.
"Os países emergentes desejam simplesmente um procedimento aberto e baseado no mérito", declarou na segunda-feira o secretário de relações econômicas do Ministério de Assuntos Exteriores da Índia, Sudhir Vyas. "Não tenho conhecimento de nenhum possível candidato comum deste grupo", completou.
O comitê executivo do BM entrevistará os três candidatos nas próximas semanas e elegerá "por consenso" seu novo presidente em abril.
A China pediu na segunda-feira para que a voz dos países em desenvolvimento seja levada em conta na escolha do novo presidente do BM, em um contexto de crescentes pressões pelo fim do monopólio americano na cúpula desta instituição financeira.
Na sexta-feira, o ministro da Indústria e Comércio do Brasil, Fernando Pimentel, afirmou que o governo teria "simpatia" por um candidato latino-americano, apesar de ter indicado que Brasília ainda não tem posição definida sobre o assunto.
Os BRIC, no entanto, estão principalmente preocupados neste momento com a crise da dívida na Europa, que começou a afetar o crescimento de suas economias. "Por isso, queremos reiterar nossa preocupação sobre a recuperação e a estabilização da zona do euro", disse a diplomata brasileira Maria Edileuza Fontenele, subsecretária-geral para Assuntos Políticos da chancelaria.
No campo político, os cinco países "estão negociando também uma condenação da violência na Síria" e "a busca por uma solução diplomática para o assunto", afirmou.
Outro ponto da agenda é o projeto de criar um Banco de Desenvolvimento do BRIC, que financie projetos sustentáveis e de infraestrutura em qualquer um dos países. O encontro de Délhi, dizem os participantes, deve estabelecer grupos técnicos dos cinco países para elaborar as bases do banco.
Nesse sentido, as economias emergentes preveem firmar um acordo para facilitar a concessão de cartões de crédito para financiar exportações e um acordo para facilitar os investimentos em moedas locais.
Nova Délhi - As potências emergentes que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem nesta quarta e quinta-feira em Nova Délhi em mais um passo na busca pela consolidação do grupo como um bloco unido e com uma influência na geopolítica mundial proporcional ao seu poder econômico.
Na pauta deste que é o quarto encontro do grupo estão temas como a crise da dívida na Eurozona, que começou a afetar seu crescimento, a situação no Norte da África e no Oriente Médio, em particular na Síria, a eleição do próximo presidente do Banco Mundial, além da criação de um Banco de Desenvolvimento do BRIC.
A primeira a chegar na capital indiana foi a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acompanhada de 6 ministros, um vice-ministro e dois governadores. Dilma pretende realizar uma reunião paralela com o governo indiano na sexta-feira.
A reunião do BRIC, que juntos somam mais de um quarto da superfície do planeta, mais de 41% de sua população e cerca de 25% do PIB mundial, terá início na quarta-feira, com um jantar, e seguirá na quinta-feira com reuniões.
"Apesar de essas potências emergentes responderem por 56% do crescimento mundial, frente aos 9% do G7 (países desenvolvidos), elas ainda estão em busca de uma identidade comum e uma cooperação institucionalizada", disse Brahma Chellaney, professor de Estudos Estratégicos do Centro de Pesquisa Política, com sede em Délhi.
Essa situação, no entanto, não é surpreendente para a maioria dos analistas, devido às diferenças de sistemas políticos, econômicos, objetivos nacionais e até mesmo questões geográficas dos países envolvidos. Apesar disso, dizem os especialistas, é a primeira iniciativa global com mescla oriental e ocidental a fazer frente à hegemonia do mundo desenvolvido.
Por isso, o mundo tem demonstrado grande interesse na decisão dos BRIC sobre um eventual apoio a algum dos três candidatos à presidência do Banco Mundial: o médico e antropólogo americano de origem sul-coreana, Jim Yong Kim, presidente do Dartmouth College e apoiado por Washington; o colombiano José Antonio Ocampo, ex-ministro da Fazenda da Colômbia e professor na Universidade Columbia, e a ministra nigeriana de Finanças, Ngozi Okonjo-Iweala.
O bloco de países emergentes, no entanto, não declarou até o momento a intenção de apoiar de maneira conjunta a nenhum candidato em específico para a direção do BM.
"Os países emergentes desejam simplesmente um procedimento aberto e baseado no mérito", declarou na segunda-feira o secretário de relações econômicas do Ministério de Assuntos Exteriores da Índia, Sudhir Vyas. "Não tenho conhecimento de nenhum possível candidato comum deste grupo", completou.
O comitê executivo do BM entrevistará os três candidatos nas próximas semanas e elegerá "por consenso" seu novo presidente em abril.
A China pediu na segunda-feira para que a voz dos países em desenvolvimento seja levada em conta na escolha do novo presidente do BM, em um contexto de crescentes pressões pelo fim do monopólio americano na cúpula desta instituição financeira.
Na sexta-feira, o ministro da Indústria e Comércio do Brasil, Fernando Pimentel, afirmou que o governo teria "simpatia" por um candidato latino-americano, apesar de ter indicado que Brasília ainda não tem posição definida sobre o assunto.
Os BRIC, no entanto, estão principalmente preocupados neste momento com a crise da dívida na Europa, que começou a afetar o crescimento de suas economias. "Por isso, queremos reiterar nossa preocupação sobre a recuperação e a estabilização da zona do euro", disse a diplomata brasileira Maria Edileuza Fontenele, subsecretária-geral para Assuntos Políticos da chancelaria.
No campo político, os cinco países "estão negociando também uma condenação da violência na Síria" e "a busca por uma solução diplomática para o assunto", afirmou.
Outro ponto da agenda é o projeto de criar um Banco de Desenvolvimento do BRIC, que financie projetos sustentáveis e de infraestrutura em qualquer um dos países. O encontro de Délhi, dizem os participantes, deve estabelecer grupos técnicos dos cinco países para elaborar as bases do banco.
Nesse sentido, as economias emergentes preveem firmar um acordo para facilitar a concessão de cartões de crédito para financiar exportações e um acordo para facilitar os investimentos em moedas locais.