Economia

Brasil vai importar picanha do Canadá e exportar carne 'magra'

A carne brasileira que será exportada, majoritariamente, é a do gado zebu, uma carne mais magra e que costuma ser utilizada no mercado internacional para produção de alimentos industrializados

 (Paulo Whitaker/Reuters)

(Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2022 às 21h33.

O consumidor brasileiro vai passar a comer picanha de gado canadense - ao menos, o consumidor que puder pagar por isso. O acordo comercial de carnes firmado nesta semana entre o Brasil e o Canadá vai incluir, como contrapartida, a entrada de cortes canadenses "mais gordos" em território nacional.

A carne brasileira que será exportada, majoritariamente, é a do gado zebu, uma carne mais magra e que costuma ser utilizada no mercado internacional para produção de alimentos industrializados. Do lado canadense, porém, o que predomina são raças de origem europeia, como o angus, que tem a característica de ser uma carne mais entremeada de gordura.

Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME

A JBS Foods, que já tem unidade no Canadá, deve centralizar boa parte dessas transações, levando cortes brasileiros até os canadenses e, paralelamente, despachando picanha e demais cortes para o consumidor brasileiro a partir de sua base em Calgary.

Pelas regras atuais de comércio internacional, o Canadá administra uma cota de importação de até 76 mil toneladas de carne por ano. O Brasil vai entrar na disputa de parte dessa cota e deve disputar espaço com o Uruguai, que hoje exporta cerca de 15 mil toneladas de carne aos canadenses.

Na segunda-feira, 14, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina estava no Canadá, quando anunciou a abertura do mercado e o fato de que o Brasil ultrapassou a marca de 200 novos mercados externos para produtos agropecuários abertos desde o início de 2019.

Para a carne bovina, a exportação está liberada para todos os Estados que ainda fazem a vacinação de rebanhos contra a febre aftosa. No caso da carne suína, por enquanto a exportação só está autorizada para os frigoríficos de Santa Catarina, único Estado que já é reconhecido como livre de febre aftosa, peste suína clássica e peste suína africana. O ministério entrou com um pedido de reconhecimento do Paraná e do Rio Grande do Sul como estados livres dessas três doenças.

Hoje o maior vendedor de carne e demais alimentos para o Canadá são os Estados Unidos, país que tem relação de livre comércio com os canadenses e que, portanto, não disputa cotas de importação. O Brasil passaria a ter esse mesmo tratamento, caso o acordo Mercosul-Canadá seja consumado, o que ainda não aconteceu.

Acompanhe tudo sobre:CanadáCarnes e derivadosExportaçõesImportações

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor