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Brasil tem 3º maior buraco esperado para infraestrutura até 2040

Mesmo se o Brasil crescer apenas 1,7% em média por ano, precisaremos quase dobrar nosso investimento na área, diz novo relatório

Ferrovia e desmatamento em Itaguaí, no Rio de Janeiro (Mario Tama/Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de julho de 2017 às 13h44.

Última atualização em 26 de julho de 2017 às 10h53.

São Paulo - O Brasil tem o terceiro maior buraco entre o que precisa ser investido em infraestrutura e o que é esperado dadas as tendências atuais.

A lacuna é de US$ 1,2 trilhão até 2040, suficientes para transformar os US$ 1,5 trilhão previstos no ritmo atual nos US$ 2,7 trilhões necessários.

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Ou seja, mesmo se o Brasil crescer apenas 1,7% em média por ano, precisaremos quase dobrar (alta de 56%) o investimento esperado na área.

Em números absolutos, só ficamos atrás de Estados Unidos (US$ 3,8 trilhões) e China (US$ 1,9 trilhão). Mas em termos proporcionais, estamos pior.

A lacuna esperada para a China representa só 7% da sua necessidade total de investimento. Os EUA estão mais próximos de nós: 45% de buraco, próximo de México (49%), Argentina (56%) e Rússia (59%).

Os números foram divulgados nesta terça-feira (25) pelo Global Infrastructure Hub, uma organização internacional vinculada ao G20, em parceria com a Oxford Economics.

O cálculo é feito com base na expectativa de crescimento da economia e da população, além dos níveis históricos de investimento em infraestrutura e outros fatores. Uma ferramenta no site permite projetar a necessidade em diferentes cenários.

Foram analisados 50 países (85% do PIB global) em 7 setores: estradas, ferrovias, portos, aeroportos , telecomunicações, eletricidade e água.

A lacuna brasileira é modesta em água (US$ 6,7 bilhões) e telecomunicações (US$ 17 bilhões), mas explode na necessidade extra de dinheiro em ferrovias (US$ 102 bilhões) e estradas (US$ 852 bilhões).

Veja na tabela o diagnóstico completo (todos os números são em dólares americanos):

Tendência atualNecessidadeBuraco
Estradas345 bilhões1,2 trilhão852 bilhões
Ferrovias106 bilhões207 bilhões102 bilhões
Portos30 bilhões61 bilhões31 bilhões
Aeroportos56 bilhões127 bilhões71 bilhões
Telecomunicações284 bilhões301 bilhões17 bilhões
Eletricidade507 bilhões616 bilhões109 bilhões
Água196 bilhões203 bilhões6,7 bilhões
Total1,5 trilhão2,7 trilhões1,2 trilhão

A infraestrutura atua sobre o crescimento por dois vetores: gerando a própria atividade e aumentando a produtividade geral - que está estacionada no Brasil desde 1980, segundo um estudo do Credit Suisse.

De 138 países no ranking de competitividade do Banco Mundial, estamos em 116º na qualidade geral da infraestrutura, 111º na qualidade de rodovias, 114º na qualidade de portos e 93º na qualidade de ferrovias.

Mas a área não é prioridade. Como cerca de 90% dos gastos federais são obrigatórios por lei (como Previdência e pessoal), o peso do ajuste fiscal acaba caindo sobre o investimento.

O desembolso na área sofreu queda real de 61% entre o 1º trimestre de 2016 e o 1º trimestre de 2017, segundo Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Segundo dados da consultoria Inter.B, os investimentos em infraestrutura em 2016 ficaram em torno de 1,7% do PIB, enquanto o necessário apenas para manter a estrutura existente está acima de 3%.

A solução apontada pela equipe econômica atual é atrair o investimento privado com fortalecimento das agências reguladoras e a melhora do ambiente regulatório e macroeconômico, mas o risco político está novamente travando o calendário de concessões.

Mundo

O relatório estima que a necessidade global de investimento em infraestrutura é de US$ 94 trilhões entre 2016 e 2040, 16% acima do esperado seguindo as tendências atuais.

O nível de investimento em relação ao PIB teria que subir dos 3% previstos, nível observado na última década, para 3,5% de forma a atingir a meta.

Eletricidade e estradas são os dois setores mais importantes, respondendo por mais de dois terços da necessidade de investimento.

Entre as regiões, o maior gasto absoluto precisa ser na Ásia, mas o maior buraco entre previsão e necessidade é nas Américas (47% a mais que na tendência atual) e África (39% pela mesma conta).

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