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Brasil precisa se "vender" melhor, diz Younes

Fim do embargo à carne brasileira para a Arábia Saudita poderá elevar os negócios para a região

Carne bovina: fim do embargo à carne brasileira para a Arábia Saudita poderá elevar os negócios para a região (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 10h29.

Dubai - O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas e de carne do mundo, não sabe "se vender" no mundo árabe. "O País tem um potencial enorme para expandir seus negócios na região, mas não explora essa capacidade", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o vice-presidente de marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Riad Naim Younes.

O saldo da balança comercial para os países árabes ( Oriente Médio e norte da África) foi positivo em US$ 2 bilhões em 2014, resultado de exportações de US$ 13,4 bilhões e importações de US$ 11,4 bilhões. A expectativa é manter o mesmo superávit este ano.

Entre os principais itens exportados para a região estão açúcar, carne e minério de ferro. Argélia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos são os maiores importadores desses produtos brasileiros.

O fim do embargo à carne brasileira para a Arábia Saudita poderá elevar os negócios para a região. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, participou no início do mês passado de uma missão aos países árabes para negociar a retirada do embargo e tentar atrair investidores árabes para o Brasil.

A ministra articula, para o início de 2016, uma série de visitas de investidores árabes na região Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), considerada uma das últimas fronteiras agrícolas brasileiras.

Com escassez de recursos hídricos, os países árabes buscam, sobretudo, fazer investimentos agrícolas em países como o Brasil para garantir segurança alimentar. Diante desse cenário, Kátia Abreu quer atrair esses potenciais investidores interessados em plantio de grãos, irrigação, carne bovina e florestas.

Tradicional exportador de commodities, o Brasil poderia aumentar as exportações de produtos de maior valor agregado. Esse discurso, entoado como um mantra, é recorrente entre os empresários brasileiros há muitos anos, mas o País não consegue reverter essa situação.

Pouco marketing

Para Younes, da CCAB, as empresas brasileiras precisam ser mais agressivas para vender melhor o seu "peixe". Exemplo disso foi o que ocorreu entre os dias 23 e 26 de novembro, quando o Brasil teve uma participação pálida na feira de construção civil Big 5, o maior evento do setor no Oriente Médio.

Com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), apenas seis empresas participaram do evento, entre elas Deca e Tramontina. "Esse é um evento que reúne todo ano investidores de todo o mundo, uma oportunidade para o País divulgar o seu negócio", afirmou Younes.

Países europeus que passam por momento econômico turbulento, casos de Espanha e Grécia, por exemplo, tiveram uma participação mais pujante.

Para investidores, o Brasil também poderia rever sua política de tributação para aportes da região. "Como alguns países árabes são considerados paraísos fiscais pela Receita Federal, sofrem bitributação, o que inibe esses investidores ao País", disse uma fonte.

Tributos

A Apex confirma que a bitributação pode ter impacto em certos investimentos no País. Mas, segundo a agência, fundos de venture capital (empresas estabelecidas de pequeno e médio portes) e de private equity (que compram participação em empresas), por exemplo, que possuem recursos alocados em outros mercados (não considerados paraísos fiscais), não sofrem bitributação.

De acordo com a Apex, fundos árabes com investimentos aplicados em Londres, por exemplo, não sofrem bitributação se esses recursos forem deslocados para o Brasil. Atualmente, a Apex-Brasil tem focado sua atuação para atrair Investimento Estrangeiro Direto (IED) nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. Não há, contudo, ações específicas voltadas para a região do Oriente Médio e norte da África.

Como os investidores árabes costumam fazer investimentos mais significativos em participação de empresas com outros fundos do que em projetos "greenfield" (a partir do zero), a identificação da fonte do investimento por parte das fontes oficiais é mais difícil de ser feita.

A repórter viajou a convite da DMG Events, organizadora da feira de construção civil Big 5. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Dubai - O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas e de carne do mundo, não sabe "se vender" no mundo árabe. "O País tem um potencial enorme para expandir seus negócios na região, mas não explora essa capacidade", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o vice-presidente de marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Riad Naim Younes.

O saldo da balança comercial para os países árabes ( Oriente Médio e norte da África) foi positivo em US$ 2 bilhões em 2014, resultado de exportações de US$ 13,4 bilhões e importações de US$ 11,4 bilhões. A expectativa é manter o mesmo superávit este ano.

Entre os principais itens exportados para a região estão açúcar, carne e minério de ferro. Argélia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos são os maiores importadores desses produtos brasileiros.

O fim do embargo à carne brasileira para a Arábia Saudita poderá elevar os negócios para a região. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, participou no início do mês passado de uma missão aos países árabes para negociar a retirada do embargo e tentar atrair investidores árabes para o Brasil.

A ministra articula, para o início de 2016, uma série de visitas de investidores árabes na região Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), considerada uma das últimas fronteiras agrícolas brasileiras.

Com escassez de recursos hídricos, os países árabes buscam, sobretudo, fazer investimentos agrícolas em países como o Brasil para garantir segurança alimentar. Diante desse cenário, Kátia Abreu quer atrair esses potenciais investidores interessados em plantio de grãos, irrigação, carne bovina e florestas.

Tradicional exportador de commodities, o Brasil poderia aumentar as exportações de produtos de maior valor agregado. Esse discurso, entoado como um mantra, é recorrente entre os empresários brasileiros há muitos anos, mas o País não consegue reverter essa situação.

Pouco marketing

Para Younes, da CCAB, as empresas brasileiras precisam ser mais agressivas para vender melhor o seu "peixe". Exemplo disso foi o que ocorreu entre os dias 23 e 26 de novembro, quando o Brasil teve uma participação pálida na feira de construção civil Big 5, o maior evento do setor no Oriente Médio.

Com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), apenas seis empresas participaram do evento, entre elas Deca e Tramontina. "Esse é um evento que reúne todo ano investidores de todo o mundo, uma oportunidade para o País divulgar o seu negócio", afirmou Younes.

Países europeus que passam por momento econômico turbulento, casos de Espanha e Grécia, por exemplo, tiveram uma participação mais pujante.

Para investidores, o Brasil também poderia rever sua política de tributação para aportes da região. "Como alguns países árabes são considerados paraísos fiscais pela Receita Federal, sofrem bitributação, o que inibe esses investidores ao País", disse uma fonte.

Tributos

A Apex confirma que a bitributação pode ter impacto em certos investimentos no País. Mas, segundo a agência, fundos de venture capital (empresas estabelecidas de pequeno e médio portes) e de private equity (que compram participação em empresas), por exemplo, que possuem recursos alocados em outros mercados (não considerados paraísos fiscais), não sofrem bitributação.

De acordo com a Apex, fundos árabes com investimentos aplicados em Londres, por exemplo, não sofrem bitributação se esses recursos forem deslocados para o Brasil. Atualmente, a Apex-Brasil tem focado sua atuação para atrair Investimento Estrangeiro Direto (IED) nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. Não há, contudo, ações específicas voltadas para a região do Oriente Médio e norte da África.

Como os investidores árabes costumam fazer investimentos mais significativos em participação de empresas com outros fundos do que em projetos "greenfield" (a partir do zero), a identificação da fonte do investimento por parte das fontes oficiais é mais difícil de ser feita.

A repórter viajou a convite da DMG Events, organizadora da feira de construção civil Big 5. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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