Economia

Brasil pode ir à OMC contra os EUA por milho e soja

A sinalização foi dada na quarta-feira pelo diretor do departamento econômico do Itamaraty, embaixador Paulo Mesquita


	Soja: o Brasil vai monitorar a execução dos programas inscritos na Farm Bill, a lei agrícola americana, que prevê subsídios aos grãos
 (Getty Images)

Soja: o Brasil vai monitorar a execução dos programas inscritos na Farm Bill, a lei agrícola americana, que prevê subsídios aos grãos (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 12h08.

Brasília - O Brasil pode entrar em um novo contencioso comercial com os Estados Unidos por causa de subsídios aos produtores de milho e soja. A lei agrícola americana (Farm Bill) prevê o repasse de US$ 40,3 bilhões para o milho e outros US$ 19,2 bilhões para a soja entre 2014 e 2018.

O Brasil vai monitorar a execução dos programas inscritos na Farm Bill e registrará um pedido de painel de observação na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A sinalização foi dada na quarta-feira, 26, pelo diretor do departamento econômico do Itamaraty, embaixador Paulo Mesquita, ao considerar que os programas que compõem a Farm Bill "não são compatíveis com as responsabilidades dos Estados Unidos na OMC".

O painel, contudo, deve ser o último recurso. Antes, o País pretende iniciar um diálogo bilateral. "O Brasil busca solução antes de abrir um painel, o que pode ser compensações em outras áreas", disse o embaixador.

"Na ausência de uma compensação satisfatória, não teremos outra solução senão a abertura de um painel contra os Estados Unidos na OMC."

Inadimplência

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou a instalação de um comitê de monitoramento para municiar o governo com dados contra os subsídios. A entidade e o governo podem se inspirar no processo que levou à condenação dos EUA por subsídios ao algodão, em 2010.


Na época, a OMC determinou o pagamento anual de US$ 147 milhões ao Brasil até a elaboração de uma nova Farm Bill. A punição deixou de ser paga em meados de 2013. Os EUA ainda devem US$ 60 milhões.

A dívida foi tema de encontro a portas fechadas ontem entre a subsecretária de Serviços Agrícolas Exteriores dos EUA, Darci Vetter, e o titular da Agricultura, Neri Geller.

O ministro não quis comentar o resultado da reunião por "cautela", segundo sua assessoria. Geller, contudo, havia afirmado pela manhã que iria "tentar fazer o governo americano entender que tem um acordo firmado que foi quebrado".

O ministro indicou que, se não houver solução diplomática, o Brasil pode encampar pedido da CNA para acionar os EUA na OMC pelos US$ 60 milhões. "Se não for conseguido um acordo, vamos apoiar a iniciativa privada a fazer a abertura e o governo brasileiro vai conduzir isso."

O diretor econômico do Itamaraty, Paulo Mesquita, disse que a "inadimplência" americana foi tema de conversas do ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, com autoridades americanas no início do ano, o que resultou na vinda de Darci ao Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesGrãosMilhoOMC – Organização Mundial do ComércioSoja

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto