Edifício-Sede do Banco Central em Brasília. (Marcelo Casal/Agência Brasil)
Redação Exame
Publicado em 13 de novembro de 2023 às 09h48.
Última atualização em 13 de novembro de 2023 às 09h50.
A expectativa para a inflação de 2023 caiu no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 13. A projeção para este ano saiu de 4,63% para 4,59%. Um mês antes, a mediana era de 4,75%. Considerando as 61 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 passou de 4,61% para 4,60%. A queda acontece após o IPCA de outubro, divulgado na última sexta-feira, apresentar alta de 0,24%, abaixo da expectativa do mercado financeiro.
Para 2024, foco principal da política monetária, a projeção oscilou de 3,91% para 3,92%. Há um mês, era de 3,88%. As 61 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias para o próximo ano é de alta passou de 3,93% para 3,90% considerando 60 atualizações no período.
Para 2025, que também tem peso nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 16ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,50% pela 19ª semana seguida.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) do começo do mês, o BC divulgou projeção de 3,6% para o IPCA de 2024, acima dos 3,5% da reunião anterior. Para 2025, subiu de 3,1% para 3,2% no modelo. Para 2023, a projeção foi atualizada de 5,0% para 4,7%. O colegiado reduziu a Selic pela terceira vez consecutiva em 0,50 pp, para 12,25% ao ano.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram ainda no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses em 3,94%, de 4,00% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.
No dia 20 de outubro, Haddad confirmou que não há previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. "Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias", disse o ministro, em São Paulo.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, já disse ao Estadão/Broadcast que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por editar o decreto.
Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.
Após a alta de 0,24% no IPCA de outubro, os economistas mantiveram a expectativa de inflação de curto prazo no Boletim Focus. A mediana para novembro seguiu em 0,30%. Há um mês, a expectativa era de 0,32%.
Para o IPCA de dezembro, a estimativa seguiu em 0,50%, de 0,52% um mês antes. Já para janeiro de 2024, a previsão para o indicador permaneceu em 0,42%, mesmo nível de quatro semanas atrás.
Em um processo de redução da taxa e de desinflação, os núcleos de inflação do Brasil, segundo o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IFF, na sigla me inglês), Robin Brooks, estão nos níveis do G10, da zona do Euro e dos Estados Unidos.
“O Banco Central do Brasil merece todo o crédito por isso. Ele caminhou bem antes dos outros. O Bacen é um dos ativos mais fortes do Brasil”, escreveu Brooks, em uma rede social.
O boletim manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 seguiu em 2,89%, contra 2,92% há um mês. Considerando apenas as 37 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,84% para 2,89%.
Para 2024, o Relatório Focus também trouxe manutenção da estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo nível de um mês atrás. Considerando as 36 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,50% para 1,53%.
Em relação a 2025, a mediana passou de 1,90% para 1,93%, ante 1 90% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.
O governo espera que o crescimento do PIB este ano alcance 3,2%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.
O mercado manteve a mediana para a expectativa de Selic terminal no atual ciclo de flexibilização, em 9,25% ao fim de 2024. Há um mês, a estimativa era de 9%. O Banco Central reduziu os juros básicos da economia pela terceira vez consecutiva em 0,50 pp, para 12,25% ao ano.
Já a estimativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11 75% ao ano pela 14ª semana consecutiva no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira. A expectativa segue a sinalização do Copom de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais uma vez neste ano, em dezembro. Considerando apenas as 71 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, passou de 9,38% para 9,25%, com 70 atualizações no período.
No encontro de novembro, o Copom repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
No Boletim Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 também seguiu em 8,75%. Um mês antes, era de 8,50%. Para 2026, a projeção continuou em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.