Executivo gaúcho foi comunicado no fim do dia de hoje pelo Banrisul, banco que detém as contas do estado (.)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2015 às 21h27.
Porto Alegre - As contas do Rio Grande do Sul foram bloqueadas nesta terça-feira por determinação do governo federal, como sanção pelo não pagamento da parcela da dívida com a União referente ao mês de julho.
O Executivo gaúcho foi comunicado no fim do dia de hoje pelo Banrisul, banco que detém as contas do estado.
"Esta possibilidade era esperada que viesse a ocorrer por culpa do contrato", disse o secretário da Fazenda do RS, Giovane Feltes, em conversa exclusiva com o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Ele explicou que o Banco do Brasil, que é o agente financeiro responsável por exercitar a cobrança da dívida dos estados com a União, remeteu um ofício no fim da tarde ao Banrisul notificando a medida, com base na cláusula 15ª da lei 9.496, de 1997, que versa sobre o contrato de refinanciamento com a União.
A determinação é para que o Banrisul bloqueie os recursos disponíveis no caixa estadual diariamente e os transfira a uma conta específica do Banco do Brasil até atingir o montante devido, de quase R$ 265 milhões - o volume a ser pago varia mês a mês porque corresponde a 13% da receita do RS.
"Não temos essa quantia hoje, (o Banrisul) vai tirando à medida que for entrando", afirmou Feltes, lembrando que, enquanto o bloqueio estiver em vigor, o estado ficará impossibilitado de pagar qualquer outra conta pendente.
Para quitar ontem de forma integral a folha do funcionalismo, que estava em atraso há 12 dias, o Executivo gaúcho protelou não só o pagamento da dívida com a União como também repasses a municípios, hospitais e fornecedores.
A expectativa do secretário é de que o valor de R$ 265 milhões seja atingido até no máximo terça-feira que vem, 18.
Crise financeira estadual
Desde que começou a atrasar o serviço da dívida com a União, em abril, em função do agravamento da crise financeira estadual, o RS vinha conseguindo acertar a pendência até a segunda semana do mês subsequente, o que tinha evitado, até o momento, qualquer tipo de sanção por parte do governo federal.
Agora, no entanto, não havia previsão para o pagamento do montante relativo a julho.
"Nós conversamos com o Ministério da Fazenda (nos últimos meses). É possível que eles não tenham sido céleres em outros meses, entendendo as dificuldades do estado do Rio Grande do Sul, a situação de emergência que estamos passando, mesmo com o contrato que obriga o bloqueio nos primeiros dias (de atraso). Só que agora eles bloquearam", avaliou.
O contrato de refinanciamento da dívida prevê que, em caso de calote a União também poderia reter repasses federais ao estado, possibilidade que era aventada nos últimos dias pelo próprio governo estadual.
No entanto, a opção do governo federal foi por bloquear as contas do estado no Banrisul.
De acordo com Feltes, a sanção que torna a situação do RS "ainda mais difícil" e irreversível. "É um contrato, nem o governo federal pode abrir mão disso, nem tem nada que nós possamos fazer agora, no imediatismo, que reverta esta situação", afirmou.
Amanhã, quarta-feira, o governador José Ivo Sartori (PMDB) cumprirá agenda em Brasília, onde terá audiência com o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, às 10h30. Ele também se reunirá com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).