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BID pede que América Latina pense em grande plano para retomada

Atual epicentro global de coronavírus, a região terá de recuperar milhões de empregos destruídos pelas quarentenas; Brasil e México são destaques negativos

Homem usando máscara protetora puxa carrinho pelos trilhos de trem na Favela do Moinho, em São Paulo, Brasil, na quinta-feira, 25 de junho de 2020. (Marcelo Rochas/Bloomberg)
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Bloomberg

Publicado em 28 de junho de 2020 às 09h00.

Para o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID ), a América latina precisa aumentar os gastos e começar a considerar um plano de recuperação ambicioso, semelhante ao que os Estados Unidos tiveram durante a Grande Depressão, para ser implementado assim que a pandemia estiver sob controle.

Atualmente epicentro global de coronavírus, a região enfrenta o enorme desafio de recuperar milhões de empregos destruídos pelas quarentenas, além da informalidade do mercado de trabalho, disse Luis Alberto Moreno, presidente do BID, em entrevista. Projetos de infraestrutura de larga escala seriam uma opção para recuperar a economia frente à profunda depressão esperada para este ano, disse.

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“No momento, todo mundo está na sala de emergência, lidando com problemas imediatos”, disse Moreno durante entrevista da capital Washington. “Como começamos a analisar nossos empréstimos e nosso programa para 2021, precisamos começar definitivamente a pensar em como recuperar o crescimento em nossas economias.”

A economia latino-americana deve encolher quase 10% neste ano, a maior queda desde que os países começaram a produzir estatísticas de contas nacionais na década de 1950. A retração reflete os efeitos da pandemia, que obrigou a maioria dos países da região a paralisar as atividades. Ao contrário de países desenvolvidos, a região possui recursos fiscais limitados e grande proporção da população carece de redes de segurança social para impedir o aumento da pobreza e do desemprego.

O BID redirecionou cerca de US$ 450 milhões de sua carteira de empréstimos atual de US$ 26 bilhões para ajudar países a financiarem a compra de equipamentos hospitalares, como camas e respiradores, para enfrentar com o coronavírus, disse Moreno. Ele citou o Uruguai, Costa Rica e Medellín, na Colômbia, como exemplos de governos que tiveram sucesso em rastrear e testar para impedir a propagação do vírus.

Com um sistema de saúde menos desenvolvido do que nas economias avançadas, a América Latina tem sido devastada pela pandemia, principalmente no Brasil e no México, as maiores economias. A região responde por cerca de metade das novas infecções diárias pelo vírus. O Fundo Monetário Internacional projeta que o PIBs do Brasil e do México mostrem queda de 9,1% e 10,5% em 2020, respectivamente.

Os países precisarão examinar as cadeias de suprimentos em busca de oportunidades para uma substituição inteligente de importações em áreas como alimentos e alguns tipos de manufatura, disse Moreno. Uma consequência da dificuldade em comprar equipamentos médicos durante a pandemia é que os países começaram a produzi-los, como uniformes, máscaras e desinfetantes, disse.

O banco planeja desembolsar US$ 15 bilhões neste ano para governos e outros US$ 7 bilhões para empresas por meio de seu braço do setor privado, o BID Invest, disse Moreno. A instituição com sede em Washington precisará em algum momento aumentar o capital ou limitar a alavancagem nos próximos anos, afirmou, embora espere que a iniciativa para essa aprovação fique a cargo de seu sucessor. Moreno, que assumiu o comando do BID em 2005, deve concluir seu terceiro e último mandato no fim de setembro.

“O BID terá que fazer uma revisão do capital mais cedo ou mais tarde”, disse. “O que vou fazer é analisar todas as diferentes opções e tentar deixar isso para o meu sucessor para ter o primeiro esboço dessa discussão.”

Ele não quis comentar sobre a eleição do sucessor. Na semana passada, os EUA anunciaram planos de indicar para o cargo Mauricio Claver-Carone, assessor sênior do presidente Donald Trump, buscando quebrar a tradição de seis décadas da instituição de escolher um presidente da região. Claver-Carone deve disputar o posto com o argentino Gustavo Beliz, que também é apoiado pelo México. A ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, também planeja entrar na disputa.

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