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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h54.
A precaução do Banco Central (BC) pode elevar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial ao criar um ambiente mais estável, incentivando a poupança interna e os investimentos. Em artigo, o economista Edward Amadeo, da Tendências Consultoria, menciona essa hipótese e afirma que, por outro lado, a autoridade monetária também pode minar o crescimento econômico sustentável se mantiver a taxa de juros "persistentemente acima da taxa de equilíbrio".
Em uma economia historicamente volátil como a brasileira, marcada por gestões irresponsáveis tanto na área fiscal quanto na monetária, uma postura oficial menos afeita a mudanças drásticas já representa, em si mesma, um avanço essencial (é a tese que o presidente do BC, Henrique Meirelles, tem defendido).
Amadeo cita a atuação do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, sob a gestão de Paul Volcker, nos anos 80. Naquele momento, diz o economista, a gestão monetária americana produziu um "doloroso processo de 'desinflação' à custa de perda de crescimento no curto prazo", mas conseguiu com isso estabelecer as bases do que os especialistas apelidaram de Grande Moderação - duas décadas de baixa inflação, aprimoramentos de produtividade e, acima de tudo, notável redução na volatilidade da economia.
Segundo o economista, o BC opera com dois objetivos: explicitamente, atingir a meta de inflação; implicitamente, minimizar a diferença entre produto efetivo e produto potencial. "Na ausência de choques, de erros de mensuração e de avaliação do impacto da política monetária sobre a economia, o BC seria capaz de manter a economia sobre o fio da evolução do produto potencial."
O problema é justamente não errar a mão na hora de avaliar o impacto da política monetária. Pelo raciocínio de Amadeo, uma coisa é o BC conter a demanda para adequá-la ao que considera ser o produto potencial que é dado no curto prazo (um a dois anos). Outra é manter a taxa de juros persistentemente elevada e, com isso, afetar negativamente a taxa de investimento. "No primeiro caso, não há efeito sobre o produto potencial. No segundo, sim, e o efeito é negativo."