BC dobra estoque de ouro nas reservas
Apesar do aumento recente, a participação do ouro nas reservas brasileiras está hoje em apenas 1,1%
Da Redação
Publicado em 1 de janeiro de 2013 às 10h08.
Brasília - Auric Goldfinger, um dos maiores vilões dos filmes e livros sobre o agente 007 na década de 1960, mantinha todo seu dinheiro aplicado em barras de ouro. Não confiava em moedas ou títulos públicos. Desde a crise financeira de 2008, muitos bancos centrais fizeram como ele - reduziram a aplicação de seus dólares na dívida de outros países e aumentaram as compras de ouro, que teve forte valorização desde então.
O governo brasileiro, no entanto, só recentemente voltou a usar os dólares das suas reservas internacionais para comprar o metal precioso. Entre setembro e novembro de 2012, o Banco Central do Brasil (BC) adquiriu o equivalente a 33,6 toneladas de ouro, o que dobrou seu estoque em relação ao que havia até agosto. Desde 2002, a quantidade de ouro que faz parte das reservas em moeda estrangeira se mantinha estável, em 33,6 toneladas.
Alguns bancos centrais mantêm parte significativa de suas reservas externas aplicada em ouro. Em torno de 10%, no caso de Rússia, Suíça e Índia. O metal também representa quase um terço das reservas do Banco Central Europeu.
No caso brasileiro, apesar do aumento recente, a participação do ouro nas reservas está hoje em apenas 1,1%, o que também ocorre, por exemplo, na Coreia do Sul, que tem praticamente o mesmo estoque que o Brasil. Os dados do BC mostram que as barras, que ficam depositadas fora do País, valiam US$ 3,7 bilhões no fim de novembro. O total de reservas administradas pelo BC é de US$ 379 bilhões, sendo que a maior parte desses recursos está aplicada em títulos públicos, principalmente do governo dos Estados Unidos.
O Brasil já manteve aplicações maiores em ouro. A quantidade de barras hoje representa 23% das 287 toneladas que o País detinha em dezembro de 1998. Na época, no entanto, isso representava US$ 2,7 bilhões ou 6% das reservas totais. Em 2012, o ouro teve alta de 15,26% no Brasil, liderando o ranking das aplicações mais lucrativas pelo terceiro ano seguido. Parte dessa alta, porém, se deve à perda de valor da moeda brasileira. No mercado internacional, a alta é de 6,6%, e os preços são recordes, praticamente o dobro do verificado antes de 2008.
Eduardo Velho, economista-chefe da Planner Investimentos, diz que a perda de valor do dólar e o aumento da instabilidade na economia global estão entre as razões que levam a uma procura maior pelo ouro. "As reservas são muito concentradas em treasuries (títulos do Tesouro americano), mas a economia dos EUA perdeu participação no PIB mundial. Então, é natural que os bancos centrais diversifiquem suas reservas, não só em moedas emergentes, mas em ouro e outros ativos", disse. "E ao longo do tempo esse metal acumula maior demanda e menor oferta."
Em relação ao Brasil, o economista afirmou que há um cenário por trás dessa decisão. "Isso não pode ser visto como uma atitude especulativa, só porque o preço subiu. O BC está diversificando e sinalizando que a concentração da aplicação em dólar pode ter uma rentabilidade menor." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - Auric Goldfinger, um dos maiores vilões dos filmes e livros sobre o agente 007 na década de 1960, mantinha todo seu dinheiro aplicado em barras de ouro. Não confiava em moedas ou títulos públicos. Desde a crise financeira de 2008, muitos bancos centrais fizeram como ele - reduziram a aplicação de seus dólares na dívida de outros países e aumentaram as compras de ouro, que teve forte valorização desde então.
O governo brasileiro, no entanto, só recentemente voltou a usar os dólares das suas reservas internacionais para comprar o metal precioso. Entre setembro e novembro de 2012, o Banco Central do Brasil (BC) adquiriu o equivalente a 33,6 toneladas de ouro, o que dobrou seu estoque em relação ao que havia até agosto. Desde 2002, a quantidade de ouro que faz parte das reservas em moeda estrangeira se mantinha estável, em 33,6 toneladas.
Alguns bancos centrais mantêm parte significativa de suas reservas externas aplicada em ouro. Em torno de 10%, no caso de Rússia, Suíça e Índia. O metal também representa quase um terço das reservas do Banco Central Europeu.
No caso brasileiro, apesar do aumento recente, a participação do ouro nas reservas está hoje em apenas 1,1%, o que também ocorre, por exemplo, na Coreia do Sul, que tem praticamente o mesmo estoque que o Brasil. Os dados do BC mostram que as barras, que ficam depositadas fora do País, valiam US$ 3,7 bilhões no fim de novembro. O total de reservas administradas pelo BC é de US$ 379 bilhões, sendo que a maior parte desses recursos está aplicada em títulos públicos, principalmente do governo dos Estados Unidos.
O Brasil já manteve aplicações maiores em ouro. A quantidade de barras hoje representa 23% das 287 toneladas que o País detinha em dezembro de 1998. Na época, no entanto, isso representava US$ 2,7 bilhões ou 6% das reservas totais. Em 2012, o ouro teve alta de 15,26% no Brasil, liderando o ranking das aplicações mais lucrativas pelo terceiro ano seguido. Parte dessa alta, porém, se deve à perda de valor da moeda brasileira. No mercado internacional, a alta é de 6,6%, e os preços são recordes, praticamente o dobro do verificado antes de 2008.
Eduardo Velho, economista-chefe da Planner Investimentos, diz que a perda de valor do dólar e o aumento da instabilidade na economia global estão entre as razões que levam a uma procura maior pelo ouro. "As reservas são muito concentradas em treasuries (títulos do Tesouro americano), mas a economia dos EUA perdeu participação no PIB mundial. Então, é natural que os bancos centrais diversifiquem suas reservas, não só em moedas emergentes, mas em ouro e outros ativos", disse. "E ao longo do tempo esse metal acumula maior demanda e menor oferta."
Em relação ao Brasil, o economista afirmou que há um cenário por trás dessa decisão. "Isso não pode ser visto como uma atitude especulativa, só porque o preço subiu. O BC está diversificando e sinalizando que a concentração da aplicação em dólar pode ter uma rentabilidade menor." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.