BC discutiu corte mais moderado dos juros, mostra ata do Copom
O órgão, no entanto, acabou optando por indicar a manutenção de nova redução em 1 ponto percentual em meio ao cenário de inflação bem comportada
Reuters
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 08h34.
Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 09h22.
Brasília - O Banco Central chegou a discutir se deveria sinalizar desaceleração no ritmo de cortes na taxa básica de juros no curto prazo, mas acabou optando por indicar manutenção de nova redução em 1 ponto percentual em meio ao cenário de inflação bem comportada e pouco afetada pelos últimos desdobramentos políticos, com impactos limitados.
"(Os membros do Copom) concluíram por sinalizar, para a próxima reunião do Copom, uma possível flexibilização de mesma magnitude da adotada nesta reunião, mas que dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo", informou o BC por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.
Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros em 1 ponto, a 9,25 por cento ao ano, mantendo o ritmo de afrouxamento da Selic diante do comportamento favorável da inflação e dos fracos sinais de recuperação econômica, e sugerindo que poderá repetir a dose daqui para frente.
A mensagem foi reforçada na ata, com o BC sublinhando que apesar de uma recuperação gradual ser o mais provável, o ritmo de retomada da atividade econômica ainda permanece incerto.
Na ata, o BC repetiu que o ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.
Sobre a inflação, assinalou que tanto o recente aumento de preços de combustíveis quanto a oscilação esperada para a energia elétrica não têm implicação relevante para a condução da política monetária.
Em relação à elevação de PIS/Cofins sobre combustíveis, estimou impacto total no IPCA de aproximadamente 0,45 ponto percentual, distribuídos entre julho e agosto, mas com maior concentração neste mês.
O BC também calculou que a mudança da bandeira tarifária de energia para amarela, ante verde, afetará a inflação de julho em cerca de 0,15 ponto percentual.
No geral, a autoridade monetária seguiu avaliando que o comportamento da inflação permanece favorável com desinflação difundida.
Às vésperas da Câmara dos Deputados votar se autoriza ou não o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir se dá andamento à denúncia por crime de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, o BC assinalou que o conturbado cenário político tem tido pouco impacto sobre o avanço de preços na economia.
"Até o momento, os efeitos de curto prazo do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia não se mostram inflacionários nem desinflacionários", afirmou.
Os economistas que mais acertam as previsões na pesquisa Focus do Banco Central, o chamado Top 5, passaram a ver a Selic menor ao fim deste ano, em 7,50 por cento, e com a autoridade monetária mantendo o ritmo forte de corte na taxa básica de juros no curto prazo, em meio ao cenário de inflação bem comportada e atividade econômica ainda lenta.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, foi abaixo do piso da meta de inflação em julho, no acumulado em 12 meses, abrindo ainda mais o espaço para cortes mais intensos na Selic. A meta neste ano é de 4,5 por cento pelo IPCA, com banda de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.