BC decide com base em projeções, diz Meirelles
São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem à noite que a autoridade monetária toma decisões de acordo com o modelo clássico de bancos centrais que praticam o regime de metas de inflação, pelo qual o BC "faz projeções macroeconométricas" e toma suas decisões com base nestas previsões. Ele fez […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem à noite que a autoridade monetária toma decisões de acordo com o modelo clássico de bancos centrais que praticam o regime de metas de inflação, pelo qual o BC "faz projeções macroeconométricas" e toma suas decisões com base nestas previsões. Ele fez o comentário em resposta a uma indagação sobre as críticas de alguns analistas à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic (a taxa básica de juros da economia) em 8,75% ao ano.
Boa parte destes especialistas previa alta dos juros em março e passou a criticar o BC de forma explícita nos últimos dias, ao comentar que aquela decisão estaria levando a autoridade monetária a ficar "atrás da curva". "O Banco Central não comenta opiniões de analistas específicos. O Banco Central tem a sua metodologia de trabalho, que é consolidada através do relatório de inflação, que será divulgado na próxima semana e dará uma visão completa e abrangente do Banco Central no processo", comentou Meirelles, ao avaliar que é normal que analistas tenham opiniões divergentes às do BC. "Dentro do próprio Copom existem muitas vezes opiniões diversas. Isso é saudável, legítimo e é normal que cada um defenda sua opinião e ache que tudo aquilo que não está de acordo com sua opinião esteja errado", disse.
Em relação à adoção de uma linguagem mais enfática do que a normal na ata da última reunião do Copom, que teria sinalizado que os juros poderão subir em abril, o presidente do BC foi peremptório: "É normal que existam sempre motivos para que as pessoas comentem. Ou acham que a ata não foi suficientemente clara ou agora, a surpresa agradável, acham que foi clara o bastante", disse. "A ata é sempre clara. O Banco Central do Brasil tem sido reconhecido internacionalmente pela sua transparência e pela clareza de seus documentos. Mas é interessante essa observação: puxa vida, a ata foi muito clara", afirmou, com bom humor.
Meirelles defendeu que a ata é cristalina e lida necessariamente com os fatos que levaram o Copom a decidir que seria melhor que os juros subissem em abril do que em março. "Existiu esta votação de 5 a 3 porque cinco diretores votaram por uma decisão (alta em abril) e três diretores votaram por outra decisão (elevação em março). Tão simples quanto isso", ressaltou.
O presidente do BC fez os comentários ontem à noite, depois participar do lançamento do Brasil Investimento & Negócios (Brain), entidade criada por entidades financeiras privadas, como BM&FBovespa, Anbima e Febraban, com o apoio de instituições públicas, como BC, BNDES e Ministério da Fazenda, para tornar o Brasil um polo internacional de mercado de capitais no longo prazo.
Futuro político
O presidente do BC afirmou ainda que se sentiu muito honrado com o comentário feito pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para quem Meirelles seria "um bom companheiro" para ser o vice da pré-candidata Dilma Rousseff na chapa do governo que disputará a Presidência da República. Bernardo disse ainda que o presidente do PMDB e da Câmara, deputado Michel Temer (SP), também poderia ser um bom nome para concorrer ao Palácio do Planalto ao lado de Dilma.
Apesar de os jornalistas perguntarem sobre seu futuro político, que deverá ser decidido até o próximo dia 3 de abril, Henrique Meirelles repetiu que vai pesar cuidadosamente "uma série de fatores para tomar uma decisão".