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Bancos temem estouro de cartões de crédito em janeiro

Nova regra que aumentará o pagamento mínimo de 15% para 20% da fatura a partir de dezembro deve apertar o orçamento dos clientes

A apreensão agora é que, com a economia mais devagar, a inadimplência aumente (Francois Durand/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2011 às 11h29.

Brasília - Os bancos estão preocupados com a sua conta do cartão de crédito. Nas principais instituições do Brasil, os olhos estão voltados para a nova regra que aumentará o pagamento mínimo de 15% para 20% da fatura a partir de dezembro. A novidade vai apertar o orçamento dos clientes que ignoram a recomendação dos economistas e empurram a maior parte da dívida para o mês seguinte. O temor maior é com janeiro de 2012, quando o cartão trará todas as compras do fim do ano e, sem o 13.º salário, clientes também terão gastos como matrícula e material escolar e impostos.

Há muitos meses, o tema cartão de crédito tem ocupado a agenda das diretorias de crédito de grandes bancos. Alguns anos atrás, o plano era ganhar mercado no boom causado pela entrada de clientes da "nova classe média". O processo ganhou força na crise de 2008, quando bancos colocaram verdadeiros exércitos na rua para atrair clientes.

A apreensão agora é que, com a economia mais devagar, a inadimplência aumente.

No ano passado, porém, a luz amarela acendeu. Nos bancos e também no Banco Central, o medo era de que a exuberância da indústria, que crescia a taxas chinesas, poderia se transformar rapidamente em inadimplência.

Nesse período, alguns executivos ficaram assustados: pesquisas pedidas pelos bancos mostravam que muitos clientes, em especial os de menor renda, acreditavam que o pagamento mínimo quitava a dívida. O governo ficou preocupado e chamou o setor para reorganizar as coisas.

Nessa reorganização da casa, está chegando a fase que pode ser a mais difícil. "Estamos nos preparando. Será um momento delicado porque o cliente terá de pagar mais numa fatura grande pelas compras de dezembro. Além disso, o orçamento já é normalmente apertado com os gastos do início do ano. Alguns terão problema", diz um diretor de um grande banco de varejo.

Uma das preocupações é que os clientes organizem as contas com base na memória do ano passado e se programem para o pagamento mínimo do Natal de 2010, que ainda era de 10%. A expectativa cresce ainda mais com os sinais de que a economia está desacelerando e indicadores de emprego e renda devem se acomodar nos próximos meses.


O Banco Central reconhece que a novidade reduz o espaço no orçamento das famílias. Em maio, quando entrou em vigor o primeiro aumento do pagamento mínimo - de 10% para 15% -, o comprometimento da renda familiar com dívidas aumentou rapidamente de 19,9% em maio para 21% em junho, o maior nível da história, conforme a nova metodologia de cálculo adotada pelo BC. Antes disso, o indicador permaneceu estacionado na casa dos 19% por mais de dois anos.

Esse aumento do comprometimento da renda, reconhece a instituição, foi praticamente causado pelos 5% a mais no pagamento do cartão. Em dezembro, deve acontecer salto semelhante.

"Quem é usuário frequente do pagamento mínimo costuma ter um orçamento bem perto do limite. Ao mudar a regra, ele precisará ser avisado para tentar desacelerar o padrão de consumo. Se não fizer, vai ter de pedir resgate com algum outro crédito emergencial para fechar as contas", alerta o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida.

Bancos sabem disso e muitos já se preparam para oferecer verdadeiras "boias de resgate" para esses clientes. Após observar a migração dos 10% para os 15% no meio do ano, o mercado observou que a maioria dos clientes usou o cheque especial para pagar a conta do cartão. A partir de dezembro, deve ocorrer o mesmo. Algumas instituições, no entanto, estão se preparando para oferecer boias mais baratas que o cheque, como crédito pessoal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Há muitos meses, o tema cartão de crédito tem ocupado a agenda das diretorias de crédito de grandes bancos. Alguns anos atrás, o plano era ganhar mercado no boom causado pela entrada de clientes da "nova classe média". O processo ganhou força na crise de 2008, quando bancos colocaram verdadeiros exércitos na rua para atrair clientes.

A apreensão agora é que, com a economia mais devagar, a inadimplência aumente.

No ano passado, porém, a luz amarela acendeu. Nos bancos e também no Banco Central, o medo era de que a exuberância da indústria, que crescia a taxas chinesas, poderia se transformar rapidamente em inadimplência.

Nesse período, alguns executivos ficaram assustados: pesquisas pedidas pelos bancos mostravam que muitos clientes, em especial os de menor renda, acreditavam que o pagamento mínimo quitava a dívida. O governo ficou preocupado e chamou o setor para reorganizar as coisas.

Nessa reorganização da casa, está chegando a fase que pode ser a mais difícil. "Estamos nos preparando. Será um momento delicado porque o cliente terá de pagar mais numa fatura grande pelas compras de dezembro. Além disso, o orçamento já é normalmente apertado com os gastos do início do ano. Alguns terão problema", diz um diretor de um grande banco de varejo.

Uma das preocupações é que os clientes organizem as contas com base na memória do ano passado e se programem para o pagamento mínimo do Natal de 2010, que ainda era de 10%. A expectativa cresce ainda mais com os sinais de que a economia está desacelerando e indicadores de emprego e renda devem se acomodar nos próximos meses.


O Banco Central reconhece que a novidade reduz o espaço no orçamento das famílias. Em maio, quando entrou em vigor o primeiro aumento do pagamento mínimo - de 10% para 15% -, o comprometimento da renda familiar com dívidas aumentou rapidamente de 19,9% em maio para 21% em junho, o maior nível da história, conforme a nova metodologia de cálculo adotada pelo BC. Antes disso, o indicador permaneceu estacionado na casa dos 19% por mais de dois anos.

Esse aumento do comprometimento da renda, reconhece a instituição, foi praticamente causado pelos 5% a mais no pagamento do cartão. Em dezembro, deve acontecer salto semelhante.

"Quem é usuário frequente do pagamento mínimo costuma ter um orçamento bem perto do limite. Ao mudar a regra, ele precisará ser avisado para tentar desacelerar o padrão de consumo. Se não fizer, vai ter de pedir resgate com algum outro crédito emergencial para fechar as contas", alerta o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida.

Bancos sabem disso e muitos já se preparam para oferecer verdadeiras "boias de resgate" para esses clientes. Após observar a migração dos 10% para os 15% no meio do ano, o mercado observou que a maioria dos clientes usou o cheque especial para pagar a conta do cartão. A partir de dezembro, deve ocorrer o mesmo. Algumas instituições, no entanto, estão se preparando para oferecer boias mais baratas que o cheque, como crédito pessoal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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