Bancos adiam sofrimento estendendo prazo de empréstimos
Empresas estão tendo dificuldades para honrar suas dívidas em um momento em que o Brasil enfrenta a segunda contração econômica anual consecutiva
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2016 às 18h29.
Os principais bancos brasileiros, impactados pelo aumento da inadimplência, tentaram evitar esse mesmo desfecho com a Oi , concedendo uma carência de pelo menos quatro anos para pagamentos de uma dívida de R$ 17 bilhões (US$ 5,1 bilhões).
Embora a Oi tenha acabado entrando com um pedido de recuperação judicial depois do fracasso das negociações com outros credores e acionistas, a extensão do vencimento de empréstimos tem sido a estratégia favorita dos bancos brasileiros para dar uma sobrevida aos tomadores de empréstimo.
A carteira de créditos renegociados no Banco do Brasil, maior banco do país em ativos, mais do que dobrou no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, para R$ 22 bilhões.
As empresas estão tendo dificuldades para honrar suas dívidas em um momento em que o Brasil enfrenta a segunda contração econômica anual consecutiva, os preços das commodities continuam em baixa e o desemprego está aumentando. Mesmo em meio a um aperto do crédito e aos juros altos, o prazo médio de vencimento dos empréstimos no País chegou a 49,7 meses em maio, o mais alto desde março de 2011, quando o Banco Central começou a série atual.
Em maio do ano passado, o prazo médio era de 47,1 meses. Embora a prática de estender o vencimento dos empréstimos possa ajudar as empresas viáveis a se recuperarem, em muitos casos isso só posterga o sofrimento.
“Uma empresa só pode pagar a sua dívida quando está gerando lucro, e esse é exatamente o desafio principal no Brasil neste momento”, disse Ricardo Mollo, professor do Insper em São Paulo.
“Às vezes, aumentar o prazo de vencimento de uma dívida não é suficiente e os bancos podem estar apenas postergando seus problemas”.
Extensão do prazo
A Gol Linhas Aéreas Inteligentes, segunda maior empresa aérea do Brasil por participação de mercado, está negociando com o Banco do Brasil e o Banco Bradesco para obter mais tempo para pagar cerca de R$ 1,05 bilhão em debêntures enquanto tenta reestruturar a dívida, de acordo com a empresa.
As negociações não incluem propostas de reduzir o montante devido.
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais chegou a um acordo para estender para 10 anos o prazo de uma dívida de R$ 5,6 bilhões, com uma carência de três anos para o pagamento do principal, disse a empresa. Entre os credores estão o Banco do Brasil, o Bradesco, o Itaú Unibanco, o Banco Santander Brasil e o BNDES.
Acordos como esses estão aumentando os níveis de empréstimos renegociados nos maiores bancos do País.
O Bradesco registrou um aumento de 18 por cento nesses empréstimos no primeiro trimestre, para R$ 13,1 bilhões, e no Itaú esse número subiu 17 por cento, para R$ 22,7 bilhões, com relação ao mesmo período do ano passado, segundo os balanços das empresas.
Os bancos estão sempre prontos a ajudar empresas em dificuldade para evitar seus próprios prejuízos e redução de capital.
Agora que a Oi entrou com pedido de recuperação judicial, por exemplo, os bancos têm que provisionar pelo menos 30 por cento dos empréstimos sem garantia.
A quantia pode chegar a 100 por cento no terceiro trimestre se o processo de recuperação judicial fracassar, de acordo com Rafael Frade, analista do Bradesco BBI.
Segundo a legislação brasileira, uma redução no principal de um empréstimo, o chamado haircut, levaria os bancos a contabilizar perdas na mesma proporção, enquanto que o alongamento do prazo de um empréstimo não tem o mesmo efeito, disse Felipe Ribeiro da Luz Câmara, advogado do Milbank, Tweed, Hadley & McCloy LLP em São Paulo.
Os principais bancos brasileiros, impactados pelo aumento da inadimplência, tentaram evitar esse mesmo desfecho com a Oi , concedendo uma carência de pelo menos quatro anos para pagamentos de uma dívida de R$ 17 bilhões (US$ 5,1 bilhões).
Embora a Oi tenha acabado entrando com um pedido de recuperação judicial depois do fracasso das negociações com outros credores e acionistas, a extensão do vencimento de empréstimos tem sido a estratégia favorita dos bancos brasileiros para dar uma sobrevida aos tomadores de empréstimo.
A carteira de créditos renegociados no Banco do Brasil, maior banco do país em ativos, mais do que dobrou no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, para R$ 22 bilhões.
As empresas estão tendo dificuldades para honrar suas dívidas em um momento em que o Brasil enfrenta a segunda contração econômica anual consecutiva, os preços das commodities continuam em baixa e o desemprego está aumentando. Mesmo em meio a um aperto do crédito e aos juros altos, o prazo médio de vencimento dos empréstimos no País chegou a 49,7 meses em maio, o mais alto desde março de 2011, quando o Banco Central começou a série atual.
Em maio do ano passado, o prazo médio era de 47,1 meses. Embora a prática de estender o vencimento dos empréstimos possa ajudar as empresas viáveis a se recuperarem, em muitos casos isso só posterga o sofrimento.
“Uma empresa só pode pagar a sua dívida quando está gerando lucro, e esse é exatamente o desafio principal no Brasil neste momento”, disse Ricardo Mollo, professor do Insper em São Paulo.
“Às vezes, aumentar o prazo de vencimento de uma dívida não é suficiente e os bancos podem estar apenas postergando seus problemas”.
Extensão do prazo
A Gol Linhas Aéreas Inteligentes, segunda maior empresa aérea do Brasil por participação de mercado, está negociando com o Banco do Brasil e o Banco Bradesco para obter mais tempo para pagar cerca de R$ 1,05 bilhão em debêntures enquanto tenta reestruturar a dívida, de acordo com a empresa.
As negociações não incluem propostas de reduzir o montante devido.
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais chegou a um acordo para estender para 10 anos o prazo de uma dívida de R$ 5,6 bilhões, com uma carência de três anos para o pagamento do principal, disse a empresa. Entre os credores estão o Banco do Brasil, o Bradesco, o Itaú Unibanco, o Banco Santander Brasil e o BNDES.
Acordos como esses estão aumentando os níveis de empréstimos renegociados nos maiores bancos do País.
O Bradesco registrou um aumento de 18 por cento nesses empréstimos no primeiro trimestre, para R$ 13,1 bilhões, e no Itaú esse número subiu 17 por cento, para R$ 22,7 bilhões, com relação ao mesmo período do ano passado, segundo os balanços das empresas.
Os bancos estão sempre prontos a ajudar empresas em dificuldade para evitar seus próprios prejuízos e redução de capital.
Agora que a Oi entrou com pedido de recuperação judicial, por exemplo, os bancos têm que provisionar pelo menos 30 por cento dos empréstimos sem garantia.
A quantia pode chegar a 100 por cento no terceiro trimestre se o processo de recuperação judicial fracassar, de acordo com Rafael Frade, analista do Bradesco BBI.
Segundo a legislação brasileira, uma redução no principal de um empréstimo, o chamado haircut, levaria os bancos a contabilizar perdas na mesma proporção, enquanto que o alongamento do prazo de um empréstimo não tem o mesmo efeito, disse Felipe Ribeiro da Luz Câmara, advogado do Milbank, Tweed, Hadley & McCloy LLP em São Paulo.