Economia

Banco Central russo eleva juros para enfrentar inflação

O banco central do país aumentará em um ponto percentual a sua taxa básica de juros, a 10,5%


	Moedas e notas de Rublo: aumento não convenceu o mercado já que a moeda russa continua caindo
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Moedas e notas de Rublo: aumento não convenceu o mercado já que a moeda russa continua caindo (Andrey Rudakov/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 16h25.

Moscou - O Banco Central da Rússia anunciou nesta quinta-feira o aumento de um ponto percentual em sua taxa básica de juros, a 10,5%, devido aos riscos de inflação gerados pela queda do rublo, e alertou que poderá continuar aumentando-a.

Este aumento, anunciado no fim da reunião mensal de política monetária do Banco da Rússia, não convenceu o mercado já que a moeda russa continua caindo, a 68,98 rublos o euro e 55,45 rublos o dólar.

"Este aumento é o mínimo que o banco central poderia fazer diante da queda recente do rublo", comentaram os economistas da consultoria Capital Economics.

A maioria dos economistas considerava inevitável o aumento da taxa diante do avanço da inflação, que supera 9%, e que para o início de 2015 alcançará 10%, segundo a instituição, diante da forte desvalorização do rublo, que perdeu um terço de seu valor desde o início do ano frente ao euro.

"Em caso de novo agravamento dos riscos inflacionistas, o Banco da Rússia continuará aumentando sua taxa básica", anunciou a instituição em um comunicado.

Inflação a 10%

A instituição revisou em alta a inflação para 9,4% e antecipou que chegará a 10% até o fim do ano, antes de continuar subindo no primeiro trimestre de 2015.

O Banco da Rússia, que conseguiu manter uma reputação de independência incomum no país, se encontra em uma situação delicada, já que está procurando acalmar um furacão que foge ao seu controle, como a crise ucraniana e a queda dos preços do petróleo.

A entidade também precisa demonstrar que não fica de braços cruzados para evitar um movimento de pânico nos mercados e entre os particulares, e atua com cuidado para não afetar uma economia em recessão, com taxas muito elevadas para as empresas.

A taxa básica passou de 5,5% para 10,5%, mas a economia crescerá 0,6% este ano, um resultado inesperado nesse contexto. No entanto, para o futuro, as perspectivas pioram.

O banco central prevê um crescimento "próximo de zero" no ano que vem, o que não surpreende, na medida que o governo estima um crescimento uma recessão, mas também para 2016, atrasando qualquer perspectiva de recuperação até 2017.

A considerável deterioração das condições externas, resultante da queda dos preços do petróleo, e o fechamento dos mercados estrangeiros, por causa das sanções ocidentais a Moscou, justificam estas previsões.

Pedido de paciência

"Até o momento, a estratégia é elevar as taxas de juros ao patamar necessário para que fique um pouco acima da inflação sem afetar demasiadamente a economia real", explica à AFP Natalia Orlova, economista do banco russo Alfa.

Para o banco central russo, as taxas são sua principal ferramenta desde que se optou pelo câmbio flutuante, em novembro.

E suas ações parecem ainda mais importantes ante a impotência do governo. Na quarta-feira, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev afirmou que o melhor é ser paciente, e pediu que os russos guardem seus rublos, pois eles vão subir.

"A queda do rublo se transformou em parte integrante da reação do governo à queda do preço do petróleo", já que infla os ingressos das vendas em divisas estrangeiras de hidrocarbonetos, estimou Capital Economics.

"Mas seus custos são importantes" em termos de inflação, agrega, ao considerar que os riscos de crise monetária aumentou nos últimos tempos.

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