Economia

Banco Central estuda permitir saques em dinheiro nos comércios

Medida conhecida como "cashback" seria usada para compensar a falta de agências bancárias em cidades pequenas

Roberto Campos Neto: presidente do BC explicou que ideia é o consumidor pagar a maior por produto e receber o excedente em dinheiro (Amanda Perobelli/Reuters)

Roberto Campos Neto: presidente do BC explicou que ideia é o consumidor pagar a maior por produto e receber o excedente em dinheiro (Amanda Perobelli/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 13 de fevereiro de 2020 às 14h58.

Brasília - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, na noite de quarta-feira (12), em entrevista à GloboNews, que a autoridade monetária está estudando permitir o "cashback", uma maneira de permitir que as pessoas saquem dinheiro em estabelecimentos comerciais.

Segundo Campos Neto, a medida poderia beneficiar moradores de cidades pequenas que sofrem pela falta de agências bancárias e caixas eletrônicos. Levantamento feito pelo o Globo em dados do BC mostra 427 cidades entraram para o grupo das que não têm sequer uma agência bancária desde 2013, quando a cobertura atingiu seu auge. No ano passado, dois em cada cinco municípios do país estavam nessa situação.

A medida também seria boa para os lojistas porque facilitaria o fluxo do dinheiro e reduziria o custo no transporte dos valores.

 

"O cashback é um produto muito bom porque se eu consigo sacar um pouquinho toda vez que eu faço compra não preciso ter muito dinheiro na carteira e pra loja também é bom, porque a loja tem um fluxo de dinheiro, precisa do carro-forte pra pegar o dinheiro toda hora. Se ela puder ir distribuindo o dinheiro entre as pessoas é menos custo pra loja e mais eficiência pra você que tem um ATM (caixa eletrônico) potencial em cada loja que você for comprar", afirmou.

O presidente disse que isso já ocorre em outros países, como os Estados Unidos, e teria um funcionamento simples. O consumidor compraria um produto em alguma loja e pagaria um valor a mais. Essa diferença seria devolvida ao consumidor em espécie, com o possível pagamento de uma taxa de serviço.

"Vai ter uma taxa de serviço, mas muitas vezes pode ser que interesse muito ao lojista, de ter que carregar menos dinheiro, porque um grande custo que existe hoje para os lojista é circular numerário", disse.

No entanto, a medida não tem ainda prazo para entrar em vigor. Campos Neto ressaltou que ela ainda está sendo estudada, que foi proposta recentemente em uma reunião no Banco Central e precisa ainda ser conversada com outros atores do sistema financeiro.

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