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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
Brasília - O superávit de US$ 394 milhões em fevereiro da balança comercial brasileira foi o menor para meses de fevereiro desde 2002, quando o saldo foi positivo em US$ 265 milhões. Por outro lado, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, a média diária das exportações de US$ 677,6 milhões e das importações, de US$ 655,7 milhões, é recorde para meses de fevereiro. O secretário destacou o fato desses valores superarem 2008, o melhor ano da balança comercial brasileira.
Para Barral, está havendo uma melhora nos mercados compradores de produtos brasileiros. No entanto, o aquecimento do mercado doméstico tem feito também com que haja o aumento das importações. Para Barral, é justamente o aquecimento da economia brasileira o responsável pelo superávit comercial baixo. Segundo ele, a importação de insumos cresceu 50,1% em fevereiro ante igual período do ano passado.
Além disso, o secretário admitiu que o câmbio ainda é favorável e gera incentivos às importações. "O mercado interno muito aquecido gera o aumento das importações, como de insumos e máquinas e equipamentos", afirmou Barral. Mas ele lembrou que o mercado interno aquecido também gera outro efeito, que é o desvio de parte das exportações para o próprio mercado doméstico, considerando ainda que há um aumento da competição no mercado internacional.
Welber Barral afirmou que o ritmo de recuperação das exportações tem sido mais forte do que o governo esperava. Ele admitiu, inclusive, que se não houvesse essa recuperação além do esperado, a balança poderia ter registrado déficit comercial no mês. Ele, no entanto, destacou que a partir de março terão início os embarques da safra agrícola para o exterior, o que deve reforçar os números das exportações nos próximos meses.
Barral disse não acreditar que a balança comercial registre déficit em 2010. Ele avaliou que a recuperação das vendas externas brasileiras se deve principalmente a uma melhora na demanda pelos mercados emergentes.
Lista
O secretário de Comércio Exterior disse que o adiamento na divulgação da lista de produtos que o Brasil pode retaliar nas importações dos Estados Unidos deve-se à necessidade, ainda, de ajustes técnicos. Segundo ele, a lista é bastante complexa e o Brasil não vai adotar uma retaliação que afete sua produção industrial. "Tem que analisar com cuidado e não fazer nada de afogadilho", afirmou.
Ele disse que alguns insumos industriais que estavam na lista estão sendo reavaliados. Ao ser questionado se a retaliação às importações norte-americanas seriam discutidas com a secretária de Estado, Hillary Clinton, que visitará o Brasil na quarta-feira, Barral disse que não tem esta informação.
Medidas
O secretário disse ainda que o governo continua avaliando uma série de medidas voltadas para o setor exportador. "Não há uma medida. São várias medidas, tecnicamente complexas", disse. Segundo ele, entre as medidas em estudo há questões cambiais, que estão sendo analisadas pelo Banco Central, além de medidas de simplificação de comércio, em estudo pelo Ministério da Fazenda e pelo MDIC. "Não há uma solução sebastiana para o comércio exterior", afirmou. Ele informou que na quarta-feira o setor privado deve trazer novas propostas ao governo para o setor exportador, durante reunião do grupo de acompanhamento do crescimento (GAC), no Ministério da Fazenda.