Economia

Avicultura sofre com custo e reduz produção em 10%

As margens do setor no Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, oscilam perto de 4 a 5 por cento


	Frangos: nesta semana, Brasil Foods, JBS e Marfrig anunciaram repasses desses custos mais elevados aos preços de seus produtos
 (Ana Nascimento/AGÊNCIA BRASIL)

Frangos: nesta semana, Brasil Foods, JBS e Marfrig anunciaram repasses desses custos mais elevados aos preços de seus produtos (Ana Nascimento/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2012 às 18h00.

São Paulo - A avicultura brasileira enfrenta tempos difíceis e já está cortando produção por causa do encarecimento dos grãos, que reduz ainda mais as margens do setor, disse nesta sexta-feira Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura.

"É um crise das mais graves, num setor que já trabalha com margens muito estreitas... Fizemos um cálculo aqui, e tem umas 20 empresas em dificuldades (financeiras)", disse Turra, referindo-se a um universo de pequenas a grandes empresas entre 80 associadas da Ubabef.

As margens do setor no Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, oscilam perto de 4 a 5 por cento.

Levantamento da Ubabef mostra que em julho houve uma redução de 10 por cento na produção média mensal de 1,1 milhão de toneladas de carne de frango. A entidade deve agora fazer um acompanhamento mensal para auferir os impactos do salto nos custos de produção.

"Muitas empresas em crise já estão diminuindo turnos de abate (para reduzir a produção)... Não sei o que vai acontecer", observou.

O reflexo, aponta Turra, além da menor produção, é que o alojamento de animais para abate e os estoques do setor estão diminuindo.

Nesta semana, Brasil Foods, JBS e Marfrig anunciaram repasses desses custos mais elevados aos preços de seus produtos pelo aumento dos preços de grãos.


Os preços dos grãos atingiram níveis recordes recentemente no mercado internacional, após a seca que provocou quebra da safra de grãos norte-americana.

Segundo a Ubabef, nos últimos seis meses os preços da soja subiram 80 por cento e os do milho 40 por cento no Brasil. Os dois insumos representam mais de 60 por cento do custo total de produção.

Crédito restrito, apoio do governo - Entre as dificuldades, Turra aponta problemas com fluxo de caixa e restrições de acesso ao crédito, justamente no período em que o setor requer recursos para capital de giro.

Esses custos maiores já resultam em paralisações da produção fabril nos principais polos agrícolas de empresas que não dispõem de capital de giro, segundo a entidade.

Segundo Turra, além da avícola Diplomata, que fez pedido de recuperação judicial, outras empresas do setor em São Paulo estão tendo dificuldades de acesso a crédito para capital de giro, o que acaba agravando a situação.

Ele explica que antes os avicultores tinham prazo para pagar as compras de grãos para a ração, mas agora precisam pagar à vista ou até antes. Isso ao mesmo tempo em que os bancos estão dificultando o acesso ao crédito.

Por outro lado, a indústria espera algum apoio do governo no sentido de escoar a safra de milho de Mato Grosso, maior produtor de milho safrinha, onde a produção foi recorde e há até cereal estocado a céu aberto.

"Se chover muito lá, pode até perder milho. Tem que resolver este problema de transferência de estoque", afirma Turra, na expectativa de que o governo realize leilões para subsidiar o escoamento dos grãos, especialmente, até as áreas avícolas no Sul do Brasil.

Representantes do setor de carne de frango se reuniram nesta semana com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, para pedir que o governo libere créditos de PIS/Cofins devidos pela Receita Federal às empresas, como forma de melhorar o capital de giro.

Mercado externo - O executivo observou ainda que a crise provocada pela quebra das safras de grãos em importantes produtores atinge os dois maiores fornecedores: Brasil, que responde por 41 por cento do comércio global de carne de frango, e Estados Unidos, por 33 por cento.

"Foi um alerta que tivemos no seminário internacional, todos os grandes produtores alertaram: Brasil e Estados Unidos... Se os dois estão baleados, onde comprar?", afirmou.

Ele observa que o mercado externo teve alguma melhora, com a valorização do dólar, mas mesmo assim a receita não se igualou ao nível do ano anterior.

"Antes o mercado não estavam pagando a diferença do câmbio, agora começa a reagir... o mercado externo acompanhará a necessidade de reajustar (os preços)", apontou.

No ano passado, a indústria registrou uma exportação recorde de carne de frango, com embarques de 3,9 milhões de toneladas, segundo levantamento da Ubabef.

A carne de frango é a principal proteína animal consumida no Brasil, segundo a Ubabef, com um volume de 47,4 quilos por habitante no ano.

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