Economia

Argentina flexibiliza política de câmbio e anuncia plano para acumular reservas

Programa de acúmulo de reservas internacionais tem a meta de comprar US$ 10 bilhões no próximo ano, valor que pode ser ajustado de acordo com a demanda por moeda

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 20h51.

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O governo do presidente Javier Milei anunciou nesta segunda-feira, 15 de dezembro, mudanças em sua política cambial e informou que começará uma campanha para recompor suas reservas internacionais, que estão esgotadas.

As medidas avançam mais um passo rumo à livre flutuação da moeda, um desejo antigo dos investidores, informou a Bloomberg.

A partir de 2026, as bandas de flutuação cambial serão ajustadas mensalmente de acordo com a inflação do mês anterior, em vez de seguir o ritmo fixo de 1% como é atualmente. Em novembro, os preços subiram 2,5%, o que significa que as bandas podem ser ampliadas a um ritmo mais acelerado no curto prazo.

Acúmulo de reservas

O Banco Central também iniciará um programa para acumular reservas internacionais, com a meta de comprar US$ 10 bilhões no próximo ano, valor que pode ser ajustado conforme a demanda por moeda. O comunicado do banco central, divulgado nesta segunda-feira, destacou que a compra de reservas será parte de um esforço mais amplo para estabilizar a economia.

“Superado com sucesso o período de incerteza eleitoral, estão dadas as condições para avançar para uma nova fase do programa monetário”, disse o banco central argentino, em um comunicado. “Essa etapa enfrenta condições favoráveis para o crescimento, a remonetização da economia e a acumulação de reservas internacionais.”

Após o anúncio, os títulos soberanos da Argentina subiram em toda a curva. Os papéis com vencimento em 2035, que são alguns dos mais líquidos, avançaram mais de 1 centavo, chegando a quase 73 centavos por dólar.

Essas novas medidas atendem às demandas dos investidores por uma política cambial mais flexível, enquanto analistas alertam que a taxa de câmbio esteve sobrevalorizada durante grande parte dos dois primeiros anos do governo de Milei. Elas também representam as mudanças mais significativas desde que a Argentina firmou, em abril, um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Receios do FMI

Recentemente, funcionários do FMI alertaram que será "difícil" para a Argentina cumprir a próxima meta de acumulação de reservas, o que pode exigir outra dispensa do conselho diretor do FMI, já que o governo recebeu uma dispensa semelhante no início deste ano por não cumprir a mesma meta.

“É um passo positivo na direção da normalização”, declarou Alejandro Cuadrado, chefe global de câmbio do BBVA, que ressaltou também que o peso poderia se enfraquecer um pouco como resultado da mudança na política. O anúncio foi feito após o fechamento do mercado local, com o peso sendo negociado a 1.438,5 por dólar.

Milei entra na segunda metade de seu mandato com um impulso renovado, após conquistar uma vitória significativa nas eleições legislativas de outubro. A nova composição do Congresso tomou posse na semana passada, e os aliados de Milei se tornaram o maior bloco legislativo, enquanto ele tenta aprovar uma reforma trabalhista e o orçamento anual.

Anteriormente, a equipe econômica de Javier Milei havia priorizado a defesa do peso e o controle da inflação, mesmo à custa de não acumular reservas. Os analistas consideram a mudança de política como um movimento positivo, que provavelmente impulsionará os preços dos títulos da dívida pública argentina.

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