Economia

Argentina aumenta impostos sobre exportações agrícolas

As vendas de grãos para o exterior pagarão uma taxa de 9% no lugar da tarifa atual, de acordo com decreto publicado neste sábado (14)

Exportações: Até agora, os grãos pagavam taxa fixa de 4 pesos por dólar exportado, mas inflação ver tarifa perder valor (Diego Giudice/Bloomberg)

Exportações: Até agora, os grãos pagavam taxa fixa de 4 pesos por dólar exportado, mas inflação ver tarifa perder valor (Diego Giudice/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 14 de dezembro de 2019 às 14h39.

Última atualização em 15 de dezembro de 2019 às 15h11.

O presidente Alberto Fernández aumentou os impostos sobre as exportações de soja e grãos, com um decreto publicado neste sábado no Diário Oficial, uma medida "urgente" para enfrentar a "grave situação" das finanças públicas da Argentina, de acordo com o texto.

Os impostos sobre as vendas ao exterior dos grãos terão uma taxa fixa de 9%. Para a soja, o maior produto de exportação do país, permanece a base de 18%, o que significa que o imposto total sobre a oleaginosa alcança 27%.

Até sexta-feira, e desde setembro de 2018, os grãos pagavam 4 pesos por dólar exportado, o que no início representava um imposto de 12% mas que ficou desatualizado pela forte desvalorização da moeda.

A moeda argentina registrou depreciação de 70% desde janeiro de 2018.

O governo também fechou os registros de exportações até segunda-feira para evitar que utilizem a alíquota anterior.

Esta é uma das primeiras medidas econômicas desde que Fernández, um peronista de centro-esquerda, assumiu a presidência na terça-feira passada em um país que está em recessão há mais de um ano, com inflação de 55% ao ano e índice pobreza de quase 40%.

Apesar da crie, o campo é o único setor que cresceu no país, com avanço de 46% em ritmo anual no segundo trimestre, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).

"Levando em consideração a grave situação que as finanças públicas enfrentam resulta necessária a adoção de medidas urgentes de caráter fiscal que permitam atender, ao menos parcialmente, as despesas orçamentárias com recursos genuínos", explica o decreto.

Na Argentina, país considerado um dos maiores produtores de alimentos, as chamadas "retenções" às exportações agrícolas provocaram em 2008 uma forte disputa entre o setor influente e o governo da então presidente Cristina Kirchner (2007-2015), atual vice-presidente.

Os grandes produtores rejeitaram a intenção de aumentar o imposto por lei, de acordo com o preço da soja, e organizaram bloqueios prolongados nas estradas, sob risco de provocar desabastecimento. Depois da derrota no Congresso foi aplicada uma taxa fixa de 35% sobre os grãos.

Uma das primeiras medidas do presidente Mauricio Macri ao assumir o governo em dezembro de 2015 foi anunciar a eliminação dos impostos sobre as exportações de produtos agrícolas, exceto a soja, para a qual se comprometeu com uma redução paulatina.

Mas em 2018, no âmbito da crise financeira e cambial que levou Macri a recorrer ao FMI para obter um crédito de 57 bilhões de dólares, o então presidente voltou a aplicar um imposto "temporário" de 4 pesos por dólar exportado para todos os grãos, enquanto para a soja a taxa era de 18%.

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