Protecionismo de Trump não freará comércio com Brasil, diz Amcham
Para a CEO da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos, Deborah Vieitas, o Brasil está num cotexto muito positivo
Agência Brasil
Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 09h57.
Última atualização em 20 de janeiro de 2017 às 12h16.
Apesar de eventual postura protecionista que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , que toma posse hoje (20), venha a adotar, o comércio com o Brasil deve se manter equilibrado, avalia Deborah Vieitas, CEO da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham). A entidade tem 5 mil empresas associadas, sendo 85% brasileiras.
Com a economia em crise, o Brasil reduziu em 30% o volume de importações do país norte-americano desde 2013, quando foram importados 36 bilhões de dólares.
Ainda assim, a balança comercial entre os dois países foi desfavorável para o Brasil em 2016, com saldo negativo em 646 milhões (foram 23,8 bilhões de dólares em importações e 23,1 bilhões em exportações).
Em 2015, o saldo foi desfavorável para o Brasil em 2,4 bilhões (importações ficaram em 26,4 bilhões de dólares e a exportações, em 24 bilhões).
Deborah considera o resultado do ano passado "neutro" e avalia o saldo de 2015 "ligeiramente negativo"; números que revelam uma relação comercial "muito equilibrada" entre as nações.
" Acho que Trump procurará desenvolver acordos comerciais bilaterais em que haja equilíbrio nos ganhos entre as partes. Nesse sentido, o Brasil está num cotexto muito positivo. Não temos nenhum desgaste no que tange à política, no lado econômico e comercial temos uma balança comercial equilibrada", avalia.
Acordos comerciais
Durante a campanha à presidência, Trump mostrou-se protecionista e prometeu a retirada dos Estados Unidos da Parceria Transpacífico - Área de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico logo depois que tomar posse.
O acordo de livre comércio assinado em 2015 entre 12 países banhados pelo Oceano Pacífico era a principal aposta do presidente Obama para o desenvolvimento do comércio internacional.
Para a CEO da Amcham, Trump focará muito mais no impacto econômico para os Estados Unidos em assuntos de comércio exterior e será mais duro nas negociações.
O esfriamento de facilitação de acordos comerciais podem atrapalhar o Brasil, que tem aspirações de construir um acordo de livre comércio bilateral com o país norte-americano.
Em dezembro, a Amcham e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançaram um documento com esforços para que o acordo se concretize.
Segundo estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas, haveria um crescimento, em 15 anos, de 7% nas exportações brasileiras caso o acordo fosse efetivado, o que resultaria em crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 1,3%.
Deborah defende a intensificação de processos que já estão em curso para facilitar, no futuro, o acordo de livre comércio. Coerência e convergências regulatórias, que aproximem as legislações comerciais dos países são exemplos.
O programa Global Entry, que trata da aprovação prévia de vistos para viajantes em negócios e permitiria o processo de entrada mais rápido nos Estados Unidos, também ainda estão em negociação.