Economia

Alta do IGP-M de março é caso isolado, avalia FGV

Segundo a FGV, o IGP-M de março apresentou uma aceleração de 1,29% ante a taxa de 0,38% em fevereiro


	Solo ressecado: "Do salto de 1,29 ponto, pelo menos 1 ponto porcentual, é influência da estiagem", comentou superintendente adjunto de inflação do Ibre/FGV
 (Nacho Doce/Reuters)

Solo ressecado: "Do salto de 1,29 ponto, pelo menos 1 ponto porcentual, é influência da estiagem", comentou superintendente adjunto de inflação do Ibre/FGV (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 15h13.

São Paulo - Após registrar taxa de 1,67% em março e atingir o maior nível desde julho de 2008 (1,76%), o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) tende a mostrar uma natural desaceleração em abril.

A opinião é do superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

Em entrevista à imprensa para detalhar os resultados do indicador elevado do terceiro mês de 2014, ele avaliou que o cenário visto no período foi um caso isolado movido pela forte estiagem que atingiu vários locais do Brasil e previu que, nos demais meses do ano, o índice não deve repetir tamanho avanço.

Segundo a FGV, o IGP-M de março apresentou uma aceleração de 1,29 ponto porcentual ante a taxa de 0,38% em fevereiro.

A inflação captada pelo indicador, que ainda é amplamente usado para reajustar o valor dos aluguéis no país, ficou acima do intervalo de estimativas dos economistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, já que eles aguardavam taxa de 1,45% a 1,65%, com mediana de 1,54%. Foi também a maior para meses de março desde 1999, quando variou 2,83%.

"Do salto de 1,29 ponto, pelo menos 1 ponto porcentual, é influência da estiagem", comentou Quadros, referindo-se ao efeito que o clima gerou para o preços agropecuários do atacado.

"Até pode haver outros fatores que possam justificar esse avanço, mas a maior parte é a estiagem", reforçou, citando, como exemplo, altas importantes de itens, como a da soja em grão (de 4,06% em março ante queda de 6,38% em fevereiro), a do milho em grão (de 10,95% ante elevação de 2,48%) e dos bovinos (de 3,85% ante 1,41%).

Na abertura do IGP-M de março de 2014, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% de todo o resultado geral, subiu 2,20% ante 0,27% em fevereiro.


Foi o maior avanço desde junho de 2008, quando apresentou elevação de 2,29%. No detalhamento por origem do IPA, ficou fácil notar de onde veio a maior pressão, pois os preços agropecuários aumentaram 6,16% em março ante queda de 0,61% em fevereiro.

A outra parte, a de preços industriais, teve um desempenho mais normal, já que subiu 0,76% ante 0,59%. De acordo com a FGV, da aceleração de 1,93 ponto porcentual do IPA, um total de 1,80 ponto porcentual foi representado pela parte agropecuária e o restante pela industrial.

Para Salomão Quadros, o cenário visto em março de 2014 é diferente do observado em julho de 2008 (última marca histórica), quando havia uma grande pressão dos mercados internacionais de commodities e o panorama de altas se repetiu durante boa parte daquele ano.

"Este avanço deve ter sido o pico dos IGPs", disse, prevendo que, já no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de março, uma taxa um pouco menos intensa. "É comum, depois de um pico como este, haver uma desaceleração", acrescentou.

Segundo ele, é provável que os efeitos vistos na parte agropecuária sejam repassados para uma parcela da industrial e depois para o varejo, que já teve o tomate subindo 43,39% em março ante queda de 4,76% em fevereiro, conforme a FGV.

Quanto à possibilidade de uma queda do IPA Agro já em abril, Quadros praticamente descartou a hipótese. "É cedo dizer que as matérias-primas vão ficar negativas. Desacelerar é o mais provável", afirmou.

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