Economia

Alta das commodities reflete especulação, diz Mantega

Ministro da Fazenda diz que a trajetória de alta das matérias-primas reflete especulação financeira motivada pela expansão monetária em países ricos

Nesse ambiente, segundo Mantega, não se pode deixar o câmbio flutuar livremente, como defendem alguns, para ajudar no combate à inflação (Agencia Brasil)

Nesse ambiente, segundo Mantega, não se pode deixar o câmbio flutuar livremente, como defendem alguns, para ajudar no combate à inflação (Agencia Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2011 às 14h39.

Rio de Janeiro - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que a trajetória de alta dos preços das commodities refletiu em grande medida um processo de especulação financeira, motivada pela expansão monetária nos países ricos. Apesar disso, ele reconheceu que os preços desses produtos também têm subido por conta de outros fatores, como choques de oferta, problemas climáticos e a entrada de grandes consumidores de mercados emergentes. "Mas há, sim, um fator especulativo", disse Mantega, que participou hoje da abertura do Fórum do Fundo Monetário Internacional (FMI), no Rio de Janeiro.

O ministro brasileiro disse que a alta das commodities impacta a inflação. Ele explicou que em períodos de alta de inflação, o receituário, que já tem sido aplicado pelo Brasil, manda que seja feito aperto monetário. O paradoxo, de acordo com Mantega, é que a elevação de juros agrava o quadro de fluxos excessivos de capitais, com os quais o Brasil tem que lidar. Além disso, a situação de crescimento mais acelerado dos emergentes em relação aos países desenvolvidos reforça o fluxo de capitais para os emergentes.

Nesse ambiente, segundo Mantega, não se pode deixar o câmbio flutuar livremente, como defendem alguns, para ajudar no combate à inflação, sob pena de causar um estrago na indústria nacional. Ele respondeu às criticas de que ações para conter o fluxo são inócuas por terem impacto temporário afirmando que a ideia é essa mesma, já que a qualquer momento a situação externa pode mudar - por exemplo, se os Estados Unidos elevarem os juros. "Deixar o câmbio flutuar livremente com esses fluxos não é uma solução viável", disse.

Mantega disse ainda que o fluxo de capitais tem sido sempre uma preocupação dos ministros da pasta e dos presidentes de bancos centrais, quando há falta e quando há excesso de entrada de recursos no País. "O fluxo de capitais já tirou o sono de muitos ministros da Fazenda", afirmou. "Certamente, é muito melhor perder o sono pelo excesso de capitais do que pela falta, como aconteceu no passado."

Na abertura do evento do FMI, Mantega também ressaltou que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) é bem-vindo ao País. "É a parte boa do fluxo de capitais e a que todos nós queremos", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Guido MantegaInflaçãoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPreços

Mais de Economia

Qual é a diferença entre bloqueio e contingenciamento de recursos do Orçamento? Entenda

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Fazenda mantém projeção do PIB de 2024 em 2,5%; expectativa para inflação sobe para 3,9%

Mais na Exame