Alemanha aposta em diálogo sobre acordos comerciais com EUA
Merkel se mostrou preocupada com a tarifação americana, mas ressaltou estar aberta ao diálogo com os EUA
EFE
Publicado em 9 de março de 2018 às 13h30.
Berlim - A chanceler da Alemanha , Angela Merkel, defendeu nesta sexta-feira o diálogo com os Estados Unidos após a decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas à importação de aço e alumínio e não quis falar de uma guerra comercial, convencida de que a aprovação de novos impostos alfandegários prejudicaria a todos.
"Ninguém ganharia", afirmou Merkel em entrevista coletiva, na qual também mostrou preocupação pela decisão do presidente dos EUA e reiterou a aposta alemã pelo multilateralismo.
Nesse contexto, Merkel ressaltou seu total apoio à Comissão Europeia para que se dirija à Organização Mundial de Comércio (OMC) e busque o diálogo com as autoridades americanas e com outros países, como a China.
Após lembrar que há um regime de tarifas negociado no marco da OMC e que a Alemanha trabalhou sempre em favor de um tratado de livre-comércio com os EUA e da eliminação de barreiras, a chanceler garantiu que esse deve ser o objetivo e confiou nas gestões da Comissão, que é responsável pela política comercial.
A chanceler não quis comentar as medidas tarifárias cogitadas pela União Europeia (UE) para responder a Washington, ao insistir que a primeira coisa a se fazer é falar com os EUA, e rejeitou usar "palavras marciais", quando foi questionada pela possibilidade de uma guerra comercial.
"Isto não ajuda", comentou Merkel para insistir que a imposição de novas tarifas não teria apenas repercussão na economia alemã, mas prejudicaria a todos.
Pouco antes, o vice-porta-voz da Chancelaria, Georg Streiter, tinha mostrado a rejeição do governo a uma medida "ilegal" e adotada de forma unilateral que, na sua opinião, não tem nada a ver com a segurança nacional, o argumento utilizado por Trump, mas com a economia.
Uma porta-voz do Ministério da Economia, Annika Einhorn, insistiu que o objetivo é pactuar uma resposta "clara" com a Comissão e os sócios europeus, mas não abrir uma guerra comercial.
O Executivo alemão defende que se estude o problema da superprodução de aço nos fóruns multilaterais existentes, convencido de que as medidas unilaterais prejudicam os consumidores, o comércio internacional e abrem as portas para uma escalada de novas medidas protecionistas.
Segundo os dados oferecidos pelo Ministério de Economia alemão, 4% das importações de aço nos EUA procedem da Alemanha e 4,4% das exportações alemãs do produto tem os EUA como destino.