Desmatamento: com agenda ambiental de pano de fundo, Bolsonaro receberá o chanceler francês
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2019 às 05h59.
Última atualização em 29 de julho de 2019 às 10h37.
O futuro do acordo entre Mercosul e União Europeia está nas mãos do governo de Jair Bolsonaro. Nesta segunda-feira, 29, o presidente brasileiro recebe, em Brasília, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian. Antes do encontro, o francês também terá uma reunião com o chanceler brasileiro Ernesto Araújo no Palácio do Itamaraty.
O governo brasileiro e o francês tem políticas divergentes sobre o meio ambiente. Publicamente, Bolsonaro criticou algumas vezes o Acordo de Paris, mas, por fim, optou por manter o Brasil. Ainda assim, o presidente brasileiro adota uma postura em que defende o direito de se explorar as riquezas da Amazônia. Em um evento militar na semana passada, no Rio de Janeiro, Bolsonaro voltou a reivindicar a soberania do país sobre a floresta. “O Brasil é nosso, a Amazônia é nossa”, afirmou.
O jornal americano The New York Times destacou no último domingo, 28, que sete meses depois que Bolsonaro assumiu o Planalto, a Amazônia brasileira perdeu mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados de floresta, um aumento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado. Só em junho, a taxa de desmatamento aumentou 80% em relação ao mesmo mês em 2018 — dado que levou o presidente a criticar o Inpe, responsável pelo levantamento.
Essas atitudes em relação à floresta dificultam o relacionamento diplomático com o governo francês, que defende medidas mais rígidas de proteção ao meio ambiente. Durante a última reunião do grupo econômico G20, no Japão, em junho, Bolsonaro disse que Emmanuel Macron, presidente da França, e Angela Merkel, chanceler da Alemanha, pediram que ele demarcasse mais 30 reservas indígenas, o que vai contra seus planos de gestão.
A França já afirmou que para dar o ok final ao acordo com o Mercosul precisa que o governo brasileiro apresente ações e resultados concretos sobre proteção ambiental. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, Le Drian disse que Macron quer esperar até o final de 2020 para decidir sobre o tema durante uma reunião do Conselho Europeu, órgão que reúne os 28 chefes de estados dos países que compõem a União Europeia. Depois disso, o tratado precisaria ser votado pelo Parlamento Europeu e pelas casas Legislativas de cada país para poder entrar em vigor.
Nesse meio tempo, os franceses querem observar as ações práticas que Bolsonaro e sua administração vão tomar em relação ao meio ambiente e à Amazônia. Como o Brasil se comportará na Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas, a COP25, que acontece de 11 a 22 de novembro em Santiago no Chile, será um bom indicador para os europeus decidirem como agir sobre o Mercosul.