Economia

A inércia inflacionária não morreu, diz Palocci

Governo Lula estuda uma nova versão da Lei de Responsabilidade Fiscal com superávits "anti-cíclicos" para impulsionar a economia em momentos de crise

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Apesar dos juros altos, do aperto fiscal e da conseqüente freada na economia, a inércia da inflação continua viva e ainda preocupa o governo. Quem afirmou isso foi ninguém menos que o todo-poderoso ministro da Fazenda do governo Lula, Antônio Palocci, em entrevista exclusiva que será publicada na próxima edição EXAME, que chega às bancas na próxima quinta-feira (19/6). A inércia está cedendo mas ainda não morreu , diz ele. Inércia é o nome dado pelos economistas às remarcações de preço feitas com base na inflação passada um movimento que, se não for barrado, tende a perpetuar a inflação em um patamar elevado.

Para o ministro, a luta contra a inflação não será ganha no grito um recado sutil ao vice-presidente José Alencar, que se tornou uma espécie de líder na defesa de juros menores. Ele também afastou a possibilidade de que a equipe econômica se deixe influenciar pelo clima quente das discussões. Quem decide sobre os juros é o Copom (Conselho de Política Monetária) e ninguém mais , diz ele.

Além de defender a política monetária, o ministro rebate a crítica de que se limita a copiar a atuação de seu antecessor, Pedro Malan. Um equívoco do governo anterior era a crença de que o crescimento econômico seria uma conseqüência natural do ajuste fiscal , diz. Segundo Palocci, a atual equipe econômica acha que o ajuste fiscal é fundamental _"É algo que nem deveria estar em discussão", mas ele tem de ser acompanhado de outras medidas. O crescimento, portanto, tem de ser construído por políticas que vão além do aperto fiscal.

Um exemplo da nova atuação do Ministério da Fazenda será a adoção de um ajuste fiscal anti-cíclico . Segundo Palocci, o Brasil deve aproveitar os momentos de crescimento econômico para aumentar o superávit fiscal. Assim, terá gordura para queimar quando o país estiver numa fase de dificuldade. Dessa forma, o governo poderá ajudar a estimular a economia quando o país estiver indo mal, mas usando os recursos que foram poupados nos momentos positivos. Para que a idéia funcione, diz Pallocci, será necessário aprovar uma lei sobre o assunto, de maneira a garantir que governos futuros cumpram o ajuste anti-cíclico. Ou seja, dá para imaginar que o governo Lula esteja preparando uma espécie de nova lei de responsabilidade fiscal.

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