A inadimplência está em queda. Mas pode voltar a subir
BC divulga relatório de operações de crédito em julho; analistas esperam que a pior fase do mercado de crédito tenha ficado para trás
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2018 às 06h33.
Última atualização em 29 de agosto de 2018 às 07h03.
O Banco Central vai divulgar nesta quarta-feira o relatório de operações de crédito no Brasil relativo a julho. Com a recuperação, ainda que lenta, da economia, os analistas esperam um informe positivo, que mostre que a pior fase do mercado de crédito ficou para trás – ao menos, no curto prazo.
Segundo o banco Credit Suisse, o relatório do BC mostrará que o volume de crédito cresceu 7,8% em julho, em relação ao mesmo mês de 2017. Em junho, a expansão havia sido de 7,1%. Na opinião do CS, a alta deve ter sido puxada pelos empréstimos a empresas, enquanto o crédito a consumidores ficou estável.
Evandro Buccini, economista-chefe da gestora de recursos Rio Bravo, acredita que o relatório indicará que a inadimplência continuou caindo: em junho, estava em 4,4% e, em meados de 2017, beirou os 6%.
Mas, para ele, essa tendência pode mudar. “A expectativa de crescimento da economia está sendo revisada para baixo e o desemprego continua alto. Isso pode provocar uma nova alta na inadimplência no fim deste ano ou no começo de 2019”, diz Buccini.
Outro risco para os próximos meses é de os juros dos empréstimos voltarem a subir, em razão da alta das taxas no mercado futuro, provocada principalmente pelas incertezas referentes à eleição.
O crédito, especialmente para consumidores, virou uma das principais pautas desta eleição depois de o candidato Ciro Gomes (PDT) prometer retirar o nome de 63 milhões de brasileiros do Serviço de Proteção ao Crédito. A proposta serviu de inspiração ao PT, que estuda medida semelhante. Outros candidatos têm em seus programas projetos para refinanciamentos de pequenas e médias empresas.
Destravar o problema do crédito, concordam economistas e analistas, é essencial para uma retomada mais consistente da economia. O problema é que, no curto prazo, propostas tidas pelo mercado como populistas tendem a elevar a incerteza, e os juros, o que joga contra os devedores, e não a favor.