Economia

5 maiores cidades da Índia terão PIB de país médio em 2030

A Índia é a grande economia que mais cresce no mundo e suas maiores cidades devem se tornar importantes motores da economia global, diz a McKinsey

Ex-moradora de favela ajusta cortinas em seu novo apartamento em Mumbai, na Índia (Dhiraj Singh/Bloomberg)

Ex-moradora de favela ajusta cortinas em seu novo apartamento em Mumbai, na Índia (Dhiraj Singh/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de agosto de 2016 às 06h00.

São Paulo - A Índia é hoje a grande economia do mundo com maiores níveis de informalidade e de gente morando no campo, mas isso deve mudar em breve - e rapidamente.

Com previsão de crescer a taxas acima de 7% nesse e nos próximos anos, o país é a estrela mais brilhante entre os emergentes.

E a exemplo do que houve com a China, isso deve acelerar a urbanização: atualmente, as cidades indianas já recebem o equivalente a 3 populações de uma Los Angeles inteira todo ano.

De acordo com um relatório recente do McKinsey Global Institute, 77% do crescimento do país entre 2012 e 2025 virá de 69 áreas metropolitanas (e seus arredores), cada uma com mais de 1 milhão de habitantes.

"Cidades metropolitanas com populações acima de um milhão serão os motores de crescimento da Índia. Com melhores infraestrutura e serviços, como saúde pública e educação de qualidade, elas serão ímãs para o investimento e a criação de empregos", diz o texto.

A previsão é que já em 2030, cada uma das 5 maiores cidades indianas tenha um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente ao de um país de renda média hoje.

Em ordem de tamanho, da menor para a maior economia: Bengaluru será do tamanho econômico da Eslováquia hoje, Hyderabad igual a Marrocos, Ahmedabad igual ao Vietnã, Delhi do tamanho das Filipinas e Mumbai com o mesmo PIB atual da Malásia (veja na figura).

Só em Mumbai serão US$ 245 bilhões em poder de consumo; as quatro cidades seguintes terão cada uma consumo anual entre US$ 80 bilhões e US$ 175 bilhões.

A previsão da consultoria Euromonitor é que a nova "massa urbana" indiana aumente sua renda agregada dos US$ 366 bilhões atuais para US$ 799 bilhões em 2020.

Recentemente, um relatório do banco americano Goldman Sachs apontou os setores que devem sair ganhando com isso: comidas embaladas e higiene pessoal, por exemplo, assim como acessórios, vestuário, restaurantes e lazer.

É o que acontece quando o número de domicílios de classe média, gente que pode gastar além de suas necessidades básicas, salta dos atuais 74 milhões para 90 milhões em 2030, também segundo a Euromonitor.

Mudanças desse porte trazem não apenas oportunidades de investimento mas também problemas monumentais que exigirão respostas rápidas do poder público:

"Para uma prosperidade urbana sustentável, as cidades indianas terão de ser espaços mais habitáveis, com água e ar limpos, serviços confiáveis e espaços verdes. Planejamento urbano abrangente, estruturas de governança eficientes e investimento em infraestrutura deram essa resposta em outros lugares do mundo, mas as cidades indianas continuam sendo desafiadas nesses aspectos centrais", diz a McKinsey.

Esse processo não está limitado à Índia. De acordo com o indiano Parag Khanna, autor de uma trilogia de livros sobre a nova ordem global, as megacidades e não os países são hoje as maiores protagonistas do crescimento por toda parte:

"A ascendência das megacidades dos mercados emergentes como imãs para o talento e a riqueza regionais tem sido o maior contribuidor para mudar o ponto focal de atividade econômica mundial", diz ele em artigo recente para EXAME.com.

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