4 economias que se deram mal em 2016
O Brasil continua mergulhado em uma recessão profunda, mas não é o único que teve um 2016 para esquecer; conheça alguns exemplos
João Pedro Caleiro
Publicado em 22 de dezembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 22 de dezembro de 2016 às 06h00.
São Paulo - O ano não foi bom para você? Também não foi para muitas economias ao redor do mundo.
O Reino Unido votou para sair da União Europeia, mas o processo ainda nem se concretizou e suas piores consequências só serão sentidas no futuro.
O México deve ser uma das maiores vítimas da ofensiva protecionista e anti-imigrantes de Donald Trump, mas os efeitos por enquanto foram indiretos.
Já em outros países, 2016 foi ruim de outras formas. Veja 4 exemplos:
Brasil
Quando o ano começou, a projeção do Boletim Focus para o PIB em 2016 era de -2,99%. O número, que já era terrível, ficou ainda pior ao longo do ano e atualmente está em -3,48%.
É uma continuação do cenário visto desde as eleições de 2014, com crise econômica e política se retroalimentando diariamente com a Operação Lava Jato como catalisadora.
Depois do impeachment, a expectativa era de que uma melhora na relação entre Executivo e Legislativo permitiria a aprovação do ajuste fiscal e com isso a volta da confiança.
A agenda até avança, assim como os indicadores financeiros, mas não a atividade. O problema pode ser a crise do crédito com profunda desalavancagem das empresas e famílias, um processo longo e doloroso.
Nigéria
A Nigéria, que dependendo da conta é a maior economia do continente africano, deve fechar 2016 com sua primeira recessão em mais de duas décadas.
O país cresceu mais de 5% todos os anos na década entre 2000 e 2010, chegando próximo de 15% em 2002.
No começo do ano, o FMI previa crescimento de quase 4% para 2016; agora, prevê queda de 1,6%.
O centro do problema foi a queda do preço do petróleo desde meados de 2014. O produto é a principal exportação do país e responde por 70% de suas receitas.
O crescimento dos outros setores caiu junto, assim como a cotação da moeda, o que trouxe escassez de dólares e dificultou importações necessárias para a operação cotidiana das empresas.
Turquia
Uma economia que assim como a nossa também não teve respiro da turbulência política em 2016 foi a da Turquia, mas com contornos mais sangrentos.
O país viveu uma tentativa de golpe em julho, o que abriu espaço para o presidente Tayyip Erdogan fazer um expurgo e aprofundar seu controle sobre as instituições.
Dezenas de pessoas morreram em vários atentados ao longo do ano, o que afeta o turismo, muito importante para a economia turca. E nessa semana o embaixador russo no país foi assassinado.
A lira turca desabou ao longo do ano e no 3º trimestre, o PIB da Turquia recuou pela primeira vez dos últimos 7 anos.
O crescimento anual deve ficar pouco abaixo de 3% - nada muito grave - mas a trajetória é preocupante.
Itália
A Itália praticamente não cresce em termos reais desde o começo do século. A relação dívida/PIB é de 133%, uma das maiores do mundo, a produtividade não avança e a população está cada vez mais envelhecida.
Os bancos italianos estão repletos de títulos falidos, o que talvez seja hoje o maior risco para a estabilidade financeiro do bloco europeu.
Um outro baque veio no começo desse mês, quando o governo perdeu em um referendo que havia proposto para reformar o Senado e simplificar a tramitação legislativa. O primeiro-ministro renunciou e o futuro segue incerto.
"A insatisfação eleitoral, ilustrada pelo resultado do referendo, ainda que variada em natureza e objetivo, deve limitar ainda mais a agenda de reforma econômica e fiscal do país", disse um comunicado da agência de risco Moody's após rebaixar a perspectiva da nota italiana.